sexta-feira, janeiro 29, 2010

Enleando e desenleando...

A semana foi longa e cheia de coisas dentro.
Longa e densa, portanto.

O momento mais doce?
Ontem levei para o Clube alguns microfones de PC. Molho de fios embaraçado que não tive tempo de desembaraçar. Eram para eles, claro. Queriam gravar voz em projectos Scratch. Pedi ajuda.
O T. aproximou-se e perguntou:
É para desenlear?
Desenlear... desenlear... Oh T., se soubesses como é bom ouvir um jovem da tua idade (10 anos) dizer esta palavra tão bela e tão pouco comum no vosso vocabulário...
O meu Avô usa muito esta palavra...
Enquanto íamos desenleando os fios, serenamente, as palavras abraçavam-se umas às outras em conversa amena...
Pois... é uma palavra assim poética... faz todo o sentido teres aprendido essa palavra com um Avô. Eles conhecem tantas palavras belas. É uma palavra mesmo mesmo cheia de poesia.
Outros escutavam
Sabem, eu tenho um blogue com poesia. Um dia digo-vos o endereço.
T.: a minha Avó também tem um...
R.:Eu já li os poemas dos livros da Professora e gostei muito. Eu nem sabia que a Professora tinha livros na Biblioteca! Descobrimos por acaso e a senhora da Biblioteca disse-nos que eram duma professora!
Pois... eu não vos contei tudo sobre mim... ainda...

É quando sou mais feliz na escola. Um espaço onde possa respirar com eles sem toques, sem pressas, sem ansiedades. Das 15:15 às 17:45 sem interrupção, sem intervalo, sem correria, sem rumo, ao sabor deles, enleando e desenleando palavras, trabalho, desafios, exigências, carinhos, até abraços baixinhos, até mão dada com que me puxam de um lado para o outro para ver isto, ou aquilo. O espaço de liberdade e construção de conhecimento e de laços e de crescer, onde finalmente consegui tecer fios doces até alunos mais complicados.

A semana acaba... com muito trabalho enleado nas mãos que tem de estar concluído e desenleado até segunda. Nada de novo.

Talvez por isso me apeteça fechar a semana uma melodia doce, daquelas que desenleia qualquer nó por maior que seja... Gosto da voz do Chico Buarque nela, da voz da Maria João... Escuto-as vezes sem conta num dos muitos CDs que me acompanham em viagem. Mas hoje quero a Beatriz sem palavras. Porque assim pode até ter o meu nome, ou o nome de qualquer pessoa que precise de desenlear ou destecer uns quantos fios da vida por um bocadinho... para logo de seguida se voltar a enlear nela e a retecê-la com cores diferentes em cada passo por dar...

5 comentários:

Teresa Pombo disse...

Obrigada Teresa! Tu sabes pelo quê... por aquilo que as minhas palavras não conseguem dizer! Beijos grandes!

Teresa Martinho Marques disse...

Teresinha... tu é um dos outros nomes de Beatriz na melodia sem voz. Eu sei... Especialista em enlear e desenlear... às vezes coisas a mais ao mesmo tempo, como eu, mas sempre com um amor infinito pelo mais importante: os miúdos que ajudamos a crescer...
Beijinhos muitos

rabina disse...

Bem doce e saborosa...

JMA disse...

:)

Teresa Martinho Marques disse...

:)