sábado, fevereiro 28, 2009

Da importância da saudade...

Há tempos descobri-as... e deixei-as por aqui.

Agora recordo-as... como recordo sempre todas as coisas lindas e boas que nunca sacudo de mim. Silêncio, eu sei, e repito para não me esquecer (às vezes esqueço), não é esquecimento... é apenas prisão do tempo que não abre a porta para tudo lá caber dentro ao mesmo tempo. Pousamos umas coisas para segurar noutras, eu sei, e repito para não me esquecer, mas não deixamos de amar as coisas e os sonhos que descansam à nossa beira e à nossa espera. Gosto de saudade com caminho de volta. Saudade sem drama, só sabor bom a ausências presentes, que são sempre prendas do céu (triste é não sentir saudade de nada - solidão imensa). Quem me dera, ao contrário da canção, ter sempre essa lembrança, todas as lembranças. Lembr_ar é est_ar vivo.

Enquanto vou explorando vários livros ao mesmo tempo, muitos em língua inglesa, sabe-me bem a nossa língua a eco_ar. Respir_ar.

Hoje estou... a dar-vos música?

O dia flui...

... melhor assim.





In the field: An introduction to field research

Um livro interessante de Robert G. Burgess - 1994

(tenho a edição de 2000)

In the Field: An Introduction to Field Research
Robert G. Burgess
Edição de Routledge (Londres), 1984 (2000)
272 páginas



Podem ler-se alguns excertos AQUI.

Acordar devagarinho...

Beber a música como café forte ou chá inglês.

Pronta para mais um denso dia entranhado de livros, papéis, teclado e canetas de várias cores.
Lá fora, sinais de chuva.

Cá dentro?


sexta-feira, fevereiro 27, 2009

O livro mais próximo

Uma vez já me foi feito este desafio.
Hoje, ao passar por aqui, apeteceu-me ver no que dava, até porque não me apetece nada nada falar da escola... nada nada mesmo.
(O livro estava em cima do "scanner", mesmo aqui ao lado. Anda em uso intenso... Não fiz batota, portanto, mas a coisa saíu melhor do que eu esperava)

"Organisms adapted and interacted as well as interacted and adapted."

(Continuava assim: "Cultures evolved, but not through a "survival of the fittest", as Herbert Spencer had said. Rather, following the kinder, gentler version of social evolutionary theory, Dewey and his followers saw cooperation and conjoint behavior marking successful social and cultural development."

O parágrafo está inserido neste tema:

Historical sources of pragmatic thinking in Social Science Inquiry -----> Influences on the pragmatists ----> Evolutionary theory. The early pragmatists Peirce, James, Dewey, and Bentley were strongly influenced by Chevalier de Lamarck (1744-1829), Charles Darwin (1809-1882), and the theory of evolution. (...)

Coincidências engraçadas...



Fonte:

Pragmatic threads in mixed methods research in the social sciences: the search for multiple modes of inquiry and the end of the philosophy of formalism
Spencer J. Maxcy


in Handbook of Mixed Methods in social and behavioral research
Abbas Tashakkori
Charles Teddlie


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1. Pega no livro mais próximo.
2. Abre na página 56.
3. Procura a quinta frase.
4. Coloca um post no teu blog com o texto, seguido destas instruções.
5. Não escolhas o teu livro favorito, o mais cool ou o mais intelectual.

Às vezes...

... uma sensação de quase

invisibilidade

www.vladstudio.com

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Até (a)o fim




Escapa-me... (ou talvez não, se pensar bem)

... se pensar bem... há muito que existe uma extraordinária coerência interna nas medidas avulsas determinando a forma como a avaliação da competência se processa... e as consequências que dela resultam.


Via 'Umbigo, cheguei aqui:

O Carnaval da sintaxe

...e depois aqui:

Português Suave (sem filtro)


Nas minhas constantes correcções, alegações e argumentos para convencer os alunos a terem mais cuidado com a língua materna (confesso-me intolerante nesta questão)... sai-me por vezes aquela de que um dia terão de ser testados nessa competência para recrutamento em vários tipos de empregos...

Por enquanto (são pequeninos e não lêem certas coisas) acho que vão acreditando em mim.

Com os exemplos variados de incompetências básicas várias que vão cogumelizando à nossa volta com lugar de destaque e responsabilidade garantido...

... acreditarão até quando?

Ofício original Carnaval
Ofício Magalhães


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ADENDA

QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Vasco Graça Moura

Artigo completo AQUI

(...)
O mesmo professor tem chamado continuamente a atenção para o facto de o Acordo gerar, "para além do elevado número de grafias duplas, formas com quatro grafias distintas e um conjunto incontável de expressões compostas com oito, 16 e até 32 grafias possíveis, sem oferecer qualquer critério normativo", facto que, acrescenta, "põe em causa a estabilidade das terminologias técnico-científicas", essencial para o desenvolvimento.
Mas então como é que a lição, o manual, o livro de leitura, o auxiliar de estudo vão escolher uma das grafias possíveis? E como é que se vai explicar a docentes e a discentes a razão por que não se opta por qualquer das outras?
Com a TLEBS e com o português de uns ofícios recentes de uma dama que é directora regional de educação do Norte, o Carnaval já tinha chegado à língua portuguesa. Mas é verdadeiramente deprimente a ressaca ortográfica que se vislumbra nesta Quarta-Feira de Cinzas.

Noitada em Lisboa...

Embora seja uma das melhores casas para se ouvir fado em Alfama (muitos dizem ser a melhor), com espaço para consagrados, jovens em ascensão ou apenas alguém que lhe apeteça experimentar, nem sempre saímos de barriga cheia como me aconteceu uma vez.
Telefonema feito para marcar mesa na "Mesa de Frades" com a pergunta: quem canta segunda?
Carminho canta, Rão Kyao toca. Perfeito.
O Andrés (da equipa do Scratch do MIT) veio a Portugal para trabalhar e estava prometida uma noite em Alfama com fados à mistura. Companhia do Tiago que nos contou a história do Fado e nos deu conta de como
anda a saúde desta forma de estar e cantar.
Ao chegarmos... Poucos minutos depois soubemos que a Carminho não vinha... mas ainda lá estava o nome de Rão... pouco depois nem Rão. Resolvemos ficar, porque o fadista
Ricardo Ribeiro que iria cantar tem voz especial (e tem) e, quem sabe, a sua mulher aparecia (Ana Sofia Varela) e a noite se compunha. Mas o Ricardo cantou três fados de arrepiar... a jovem fadista seguinte ainda (nos) tocou um bocadinho, a terceira assim-assim e o último... esquecemos. Saímos dali para a casa da Mariquinhas de Maria João Quadros para o final de festa até perto das quatro, com uma sopinha quente a fechar a noite.

Agora assentar os pés na realidade e retomar o ritmo...

Mas, antes, escutar Amália no fado com um dos poemas mais lindos, para apagar a versão que ouvi e não gostei.





E muitas vozes misturadas, num vídeo descoberto por acaso mas cheio de alma lusitana (entre elas... a Carminho, o Ricardo Ribeiro a Ana Sofia Varela... )





Ainda assim, mesmo com a desilusão das ausências, foi uma noite para lembrar... pela companhia, claro, pelas pataniscas com arroz de tomate, lulas, carne à alentejana e bom vinho alentejano, arroz doce... e através da foto que o Andrés fez de todos nós deixando a máquina a disparar sozinha sobre um muro de Alfama.


Diz que ficou apaixonado por Lisboa e vai regressar... (o "seu Flickr" está cheio de fotos comprovando a afirmação...).

Adormecemos muito depois das 4... pois...

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Uma flor à janela...

Gosto de flores...
Gosto de janelas...
Gosto muito da Teresa...
Dela inteira e da forma como diz o que lhe vai por dentro.

Há aqui uma coisa gémea que transcende o nome partilhado.
(É a poesia dos encontros que o acaso transforma em intenção: destino escolhido.)

Depois da Península... recomeçou em:


Como não espreitar para dentro dela?

domingo, fevereiro 22, 2009

Doces penas...

Quando um poema (cantado) de alguém começa a subir pelo corpo acima, vem um desejo súbito de descobrir o quem e o quando escondidos na melodia de letras.
Escutava eu a
Carminho, enquanto vou corrigindo uns muitos testes e trabalhos que trouxe de presente para o Carnaval (época de que nunca gostei e aprecio apenas como um tempo onde posso pôr trabalho e ideias em ordem), quando as penas na voz dela me motivaram uma mui curta interrupção com navegação breve até aqui (bendita 'net que nos viaja com barco fácil nos súbitos desejos):

As penas

Como diferem das minhas
As penas das avezinhas
Que de leves leva o ar
Só as minhas pesam tanto
Que às vezes nem já o pranto
Lhes alivia o pesar

As minhas penas não caem
Nem voam nunca, nem saem
Comigo desta amargura
Mostram apenas na vida
A estrada já conhecida
Trilhada pelos sem ventura

Passam dias, passam meses
Passam anos, muitas vezes
Sem que uma pena se vá
E se uma vem, mais pequena
Ai, depois nem vale a pena
Porque mais penas me dá

Que felizes são as aves
Como são leves, suaves,
As penas que Deus lhes deu
Só as minhas pesam tanto
Ai, se tu soubesses quanto...
Sabe-o Deus e sei-o eu

(Fernando Caldeira)


Desconhecendo (confesso) o nome que se me apresentava a assinar as penas, avancei na viagem até aqui:

Fernando Caldeira: Acerca de pés, poesia tão imbrincada, tão fagueira, tão dengue, com tantos suspiros e aromas e beijos e quindins, ninguém a urdiu como este poeta. Fazer de um composto do tarso, metatarso, falanges, músculos, nervos e cartilagens um tecido de frases tão ternas e lânguidas, isso, para mim, tem mais engenho e poesia, mais ideal e estética, mais perrexil e atavios, que os dois pés reais da dona do pé cantado.
Esta poesia em Inglaterra seria inverosímil. Ninguém diz em Inglaterra pé grande: evitam-se cautelosamente os pleonasmos num pais onde o tempo é dinheiro e as palavras de mais são desperdícios. Tenho a colecção dos poetas britânicos de Samuel Johnson. São sessenta e oito tornos. Pois não há poeta, um só, que cante um pé de inglesa, nem de ninguém.
O próprio Byron, posto que desdenhoso da sua pátria, respeitava por tanta maneira os pés das senhoras suas patrícias que, nas poesias enviadas às suas amadas italianas, ou lhes não falava nos pés, ou, se a rima o obrigava, abstinha-se de lhes chamar pequenos. Aqui tenho um exemplo à mão. É uma poesia à condessa Guiccioli, que devia ter um pé benemérito das carícias de Fernando Caldeira. Diz Byron, com os olhos postos no rio Pó: «A corrente que meus olhos seguem irá lamber as muralhas da sua terra natal e murmurar-lhe aos pés.»
The current y behold will sweep beneath
Her native walls, and murmur at her feet.
Feet somente. Um poeta qualquer, que não fosse insular e um pouco coxo, não deixaria de adjectivar aqueles pés. Parece que os meteu na estância por causa da rima eath.

Ainda bem que o meu prezado Fernando Caldeira floresce numa região em que, se por capricho quiser cantar um pé grande, tem de passar com a fantasia o canal da Mancha.

Camilo Castelo Branco



Eu queria parar, mas não consegui, não agora à beirinha dele, sentindo que a urgência não estava concluída a modos de me alimentar o inexplicável apetite. Só mais um minuto disse eu de mim para mim, prometo que a seguir, já já, retomo o trabalho e o caminho do dever e das coisas úteis...

E continuei...

... até encontrar aqui as palavras certas que saciaram o possível e escreveram fim na busca:

Fases da vida

Abri meus olhos ao raiar da aurora
e parti. Veio o sol, e então, segui-a
a sombra, que eu julgava guiadora,
a minha própria sombra fugidia.

E foi subindo o sol; Ao meio dia,
Escondeu-se-me aos pés a sombra; agora,
se volvo o olhar onde passei outrora,
vejo-a seguir-me, a sombra que eu seguia.

A gente é o sol de um dia; sobe, avança,
passa o zénite e vai na imensidade
apagar-se do mar, onde se lança.

E a vida é a própria sombra; meia idade,
somos nós que a seguimos, e é a Esperança;
depois segue-nos ela: é a Saudade.

Fernando Afonso Geraldes Caldeira (n. em Águeda a 7 Nov. 1841; m. em Lisboa a 2 de Abril 1894)

in A Circulatura do Quadrado, Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa - Edições Unicepe 2004)



Regresso às coisas próprias e práticas da vida, tão contidas num tempo que nos escapa entre os dedos. Só a poesia me esquece desse tempo contado e me leva de mão dada pelo ar a fingir que nada do que é preciso é necessário e que temos todo o tempo do mundo para um doce fazer-nada, um doce saborear-de-coisa-alguma nos caminhos e colo sem corpo das palavras onde gostamos de nos embalar.

Estou sedenta do tempo sem ponteiros que é o tempo da poesia.

(Se gastei mais algum tempo para fazer e partilhar esta viagem aqui, foi a solidariedade que me moveu na esperança de poupar esse exacto tempo a quem tenha sentido, ou venha a sentir, a mesma vontade que eu senti e ainda tenha menos tempo do que o tempo que eu não tenho).

Fazer... o que nos faz feliz...

Se tudo correr como previsto... brevemente irei escutar esta voz encostada ao meu ouvido, à mistura com aromas e sabores da gastronomia portuguesa. Quando acontecer (mesmo que não seja já na semana que vem, vai acontecer um dia) depois conto como foi.
Há vozes que me fascinam e histórias a condizer...

(Não será apenas ela a estar presente segredando em voz alta coisas da alma... partilha nesses momentos o espaço com
este senhor muito especial...)

A minha cidade Lisboa (sim, nascida alfacinha com um suave toque bucólico e campestre que me prende aqui entre ela e a Serra) está sempre presente e entranhada em mim. Não sente ciúme das borboletas, das aves, das flores do jardim e da montanha, nem do azul do mar mais perto, onde escolhi estar... Sabe que a ela regresso sempre que a saudade aperta.

É um amor de asas soltas.
Um fado cuidadosamente escolhido.

Apetite aberto?



sábado, fevereiro 21, 2009

Tempo de estar e saborear...

Já não sabia este sabor desde o Natal.
Obriguei o tempo a parar.
Por um dia tempo de ser, de estar, de saborear, não tempo de fazer.

Quatro anos... e meio! Isso é muito, tia?




Eu digo: 1, 2 e 3... tu saltas e o tio tira a fotografia a ver se te apanha no ar!



A mãe já ensinou umas letras...
Filho... o L de Lena, lembras-te? O Gui desenhou... um H...
(Lena rindo... esqueci-me que lhe ensinei o H de... Helena...)




Os avós dele (os meus pais) olhando.
Os reencontros e a felicidade escrevem-se com palavras simples e o sol na cara.
Matam-se saudades melhor a escutar as ondas do mar.

Depois... restaurante simples no topo da rocha desta praia linda entre Santa Cruz e o Vimeiro... Vista a encher a alma. Sabores que vão ter de permanecer na memória adoçando os próximos meses.


A despedida nunca se escreve, porque nunca é.

Os beijos dão-se, as bocas dizem adeus, até breve... mas nunca nos separamos.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Aveiro em Azeitão - partilhar experiências e aprendizagens

No âmbito do Projecto Scratch’Ando com o Sapo que a Universidade de Aveiro, Departamento de Comunicação e Arte - DeCA , unidade curricular de Projecto está a desenvolver com o apoio do lab sapo ua e a PTSapo, hoje a Conceição Lopes (professora na Universidade de Aveiro) veio com alguns alunos (4 alunos do 1º ciclo de Estudos em Novas Tecnologias da Comunicação e 1 aluno da pós-graduação em design -> UA - DeCA ) fizeram-nos uma visita que se iniciou com a turma dos pioneiros (GT Scratch) e prosseguiu no Clube Scratch time com os pioneiros e mais alguns alunos do Clube.




O Joaquim, O Mário, a Salomé, a Raquel e a Daniela foram adoptados por vários grupos de alunos e de pergunta em pergunta ficaram a conhecer melhor os usos que temos dado ao Scratch e a relação dos alunos com a ferramenta e o trabalho.

(Ah! Início de Carnaval... não é por acaso que a assistência foi prestada por duas enfermeiras e uma odalisca, chegadas do concurso de máscaras.)



A Conceição foi sobretudo adoptada pelo M., que a guiou numa viagem especial.



Também aproveitámos para um momento colectivo onde falei um bocadinho da experiência, do caminho percorrido até aqui, motivada pelas estimulantes perguntas que foram fazendo em busca de pistas para conhecer melhor personagens e enredo desta história que começámos há um pouco mais de um ano.

O tempo passou depressa... e estão agendados regressos para este grupo de finalistas.
Saldo?
Uma experiência especial e diferente que queremos ver continuada. Laços preciosos que nos levarão a todos mais longe no conhecimento e no desejo de fazer mais e melhor pelos alunos e pela educação.

Uma palavra para dizer que conheci a Conceição Lopes no encontro de apresentação do Scratch Sapo e... a afinidade mútua foi instantânea. Acasos cheios de sentido que depois definem rumos. Há aqui (mais) estradas para fazer... aguardem! :)

(Farei depois uma adenda com algumas imagens captadas pela Conceição)

Esta troca de mimos entre Aveiro e Azeitão irá prosseguir com a visita de 5 professores da Rede de Escolas que está envolvida no projecto e, depois, com a comemoração do Scratch day que... me levará a mim (Azeitão) a Aveiro (iniciativa em preparação).

Acordar devagarinho...

´

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Não há cedo demais, só tarde demais...

Perto do final da unidade dedicada ao sistema reprodutor, aquela de que os alunos dizem... o tempo passa muito depressa e a aula chega ao fim sem se dar por nada, é sempre bom perceber que a oportunidade existiu de fazer todas as perguntas (abertamente em voz alta, ou em papelinho anónimos colocados num voluntário chapéu) e que a sua atitude é de escuta activa.

Impossível falar apenas da biologia. Trata-se de educação sexual (a tal que anda por aí em falta, ao que se diz), de explicar as coisas como elas são, procurando não desligar o tema de um outro tão fundamental como a educação das emoções, do pensar sobre nós enquanto pessoas, do reflectir sobre as questões que mais os preocupam e que podem ser de natureza completamente diversa e surpreendente.

Há uns anos atrás, antes dos morangos e dos beijos aos 11, aos 12 na televisão e nas novelas para adolescentes... os rapazes não achavam graça às raparigas nestas idades, nem as raparigas aos rapazes. O cenário alterou-se profundamente (já lecciono o 6º ano de Ciências há mais de 20 anos e sei bem a diferença) e não vale a pena fingir que tudo está na mesma. Não está.

Não vou tecer juízos de valor. É mais útil constatar e abordar a realidade como ela se nos apresenta em vez de nos lamuriarmos com pensamentos do tipo no meu tempo não era assim, isto agora e tal... a televisão e a internet... eles agora tão cedo... o mundo está perdido...

Nós, adultos, criámos o mundo onde "educamos" as nossas crianças. Os "ses" servem exactamente para... nada. Já não é possível voltar atrás no tempo ao ponto desconhecido em que as coisas foram sendo construídas como agora nos aparecem (em jeitinho de recuperação do sistema, quando a instalação de algo novo não corre bem). O sexo é um pouco (muito) como as TIC... A maioria diz que primeiro ler e escrever e só depois um dia as tecnologias e tal... que antes de tempo só faz mal e tal... Não posso dizer que discorde. Mas de nada me serve concordar ou discordar. A realidade é que toda gente enche as casas de tecnologias variadas e bem cedo as colocam à frente das crianças, embevecendo-se e envaidecendo-se junto de amigos e familiares das capacidades e inteligência tecnológica dos rebentos... aquela coisa de que aos dois e aos três já põem o DVD, desligam o aparelho, brincam com o telemóvel, acendem a televisão, mudam de canal, jogam com as suas pêéssepês e gameboys e afins... e isto e aquilo... sem falar do computador ele próprio presente em tantos lares desde cedo nas mãos de muitos... Os meus alunos (a maioria) nem precisaram de magalhães nenhum (a propósito... ele anda onde? nenhum dos meus alunos que o pediu o tem... e o plano tecnológico parou à porta da escola... diziam que era este ano... agora parece que é só para o ano...)... bem cedo foram apresentados aos computadores e já me chegaram com alguma cultura e... alguns (bastantes) vícios de utilizador apenas consumidor... sobretudo de jogos. Uma colega minha explicou-me como o filho, aos quatro, já estava viciado. Por que não explicar-lhes mais cedo outras coisas que se podem fazer com os computadores permitindo-lhes mais caminhos e mais escolhas? A par dos livros, das actividades não tecnológicas, oferecendo e explorando à sua vista outras possibilidades (quantos pais trocam, à frente dos filhos, o computador ou o comando da televisão por um livro? Einstein dizia que o exemplo não era uma forma de educar... era a única). Fingir que a tecnologia não existe ou ignorá-la não nos levará a lado nenhum. Acreditar que o sexo vai acontecer depois dos 18 também não. Eu não trabalho no pressuposto de uma sociedade que não existe nem é, nem vai voltar a ser. Eu trabalho com crianças reais e tenho de encontrar os caminhos que as podem ajudar agora.

Ora... dizia eu do sexo e das TIC e das semelhanças entre ambos. Exacto. Também me assusta que as crianças contactem cada vez mais cedo com essa realidade (agora estou a falar mesmo de sexo), para a qual não estão emocionalmente nem intelectualmente preparadas, mas... isso não pode depois reduzir-se apenas aos "ses" e à recriminação dos media e a meia dúzia de dicas. Mas também não pode encaminhar-nos para a aceitação acrítica e endeusamento de quem não usou a cabeça. A sociedade (todos nós) é que os empurra e eles deixam-se empurrar para o consumo de ideias, de marcas, de comidas, de bebidas... É urgente desenvolver neles um espírito crítico aguçado e uma capacidade de discernimento para fazerem escolhas adequadas de forma autónoma, sem vigilância. Não é fácil. Sem a família é (quase) impossível.

Não costumo ver programas de TV a falar de jovens que souberam usar a cabeça, os métodos à sua disposição e viveram a sua sexualidade inteligentemente, prosseguindo estudos, construindo histórias de empenho e sucesso. Não são esses os modelos oferecidos com direito a muito tempo de antena. O exemplo pelo oposto oferecido pelos media não funciona bem. De fugida, ao almoço, um entrevistador perguntava a uma mãe de 16 anos o que é que ela achava, se sentia que era complicado (tentando sugerir a resposta e dar um ar pedagógico à coisa)... e ela: ah! Agora já me habituei e até gosto e acho giro ter um filho! Logo ele a rir... pois... não devia ter perguntado...

O que passa na cabeça desta gente? Eu que conheço os miúdos sei o que guardam na cabeça deles: é giro e dá direito a ir à televisão e ter alguns minutos de fama. Cool! Quase tão bom como entrar numa novela famosa nem que seja como figurante.

Só me resta conversar com eles. Conhecê-los. Escutá-los. Saber quem são, como pensam sobre as coisas e ajudá-los neste mundo estranho onde a informação e o desejo se misturam a uma velocidade tecnologicamente e perigosamente descontrolada onde pouco ar têm para respirar e a lei do mais forte, a lei do marketing, esse universo controlado pelos adultos, imperam para modelar as suas cabeças em desenvolvimento. Sermos o país com mais obesidade infantil, com mais tumores nas crianças, com mais insucesso, com mais de coisas "menos" boas devia fazer-nos pensar, famílias e escolas e quem manda nas escolas, sobre o que andamos a fazer com as nossas crianças... As mais recentes medidas retiraram tempo para a formação e diálogo, para um atendimento mais personalizado das crianças à nossa guarda (infelizmente às vezes mais à nossa guarda do que à guarda de certas famílias) e enclausuraram as crianças nas escolas e em salas... Muita quantidade de horas presos a tarefas sem sentido, muitos conteúdos "dados" (poucos aprendidos) registadinhos em muitos impressos como prova, não são sinónimo de qualidade na educação nem de salvação do futuro.

Quando tiro do chapéu das perguntas anónimas "o sexo é bom?", "se uma rapariga ainda não tiver tido o período nunca, pode engravidar?"... feitas aos onze anos... se uma criança gasta mais de duas horas por dia em jogos no computador ou PSP, sei que é preciso gastar tempo a falar destes assuntos todos enlabirintados nas suas mentes e criar oportunidades para fazer coisas diferentes e ajudá-los a encontrar o equilíbrio possível entre as mil solicitações que a vida destes novos tempos lhes faz. Precisam de nós mais do que nunca... Mas a verdade é que nunca estiveram tão sozinhos e entregues a si próprios como agora... a escola, a TV e as restantes tecnologias tomam conta deles e os adultos podem respirar de alívio nesses momentos de sossego.

Não há cedo demais para coisa alguma. Apenas existe um... tarde de mais.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

International Conference on Education and New Learning Technologies

Será que.... é desta que vou conhecer Barcelona?
(Terei de ver o calendário escolar nessa altura... coincide com momento denso... reuniões, matrículas, relatórios, prazos... pois... Não será fácil... Mas apetecia... Pena não ser num fim-de-semana...)


EDULEARN09 the International Conference on Education and New Learning Technologies will be held in Barcelona (Spain), on the 6th, 7th and 8th of July, 2009.

The main objective of the conference is to promote and disseminate the experiences in New Technologies in Education and E-learning in all educational fields and disciplines.
EDULEARN09 will be a unique International Forum for those who wish to present their projects and discuss the innovations and the latest innovations and results in the field of New Technologies in Education, E-learning and methodologies applied to Education and Research.
This conference will be held at international level, counting with the participation of attendants from all parts and continents of the world.

http://www.iated.org/edulearn09/

Canção de embalar...

... protegendo-os de um presente sem nome, em nome de um futuro com futuro.

(para além do country e dos prémios,
Allison Krauss num momento especial)




Slumber, my darling, thy mother is near,
Guarding thy dreams from all terror and fear,
Sunlight has pass'd and the twilight has gone,
Slumber, my darling, the night's coming on.
Sweet visions attend thy sleep,
Fondest, dearest to me,
While others their revels keep,
I will watch over thee.

Slumber, my darling, the birds are at rest,
The wandering dews by the flow'rs are caressed,
Slumber, my darling, I'll wrap thee up warm,
And pray that the angels will shield thee from harm.

Slumber, my darling, till morn's blushing ray
Brings to the world the glad tidings of day;
Fill the dark void with thy dreamy delight--
Slumber, thy mother will guard thee tonight,
Thy pillow shall sacred be
From all outward alarms;
Thou, thou are the world to me
In thine innocent charms.

Slumber, my darling, the birds are at rest,
The wandering dews by the flow'rs are caressed,
Slumber, my darling, I'll wrap thee up warm,
And pray that the angels will shield thee from harm


(fonte)

Aprendizagem e prática social: Contributos para a construção de ferramentas de análise da aprendizagem matemática escolar

Organizar (e partilhar) alguns recursos (para mais tarde regressar...)


Aprendizagem e prática social
Contributos para a construção de ferramentas de
análise da aprendizagem matemática escolar


João Filipe Lacerda Matos
Centro de Investigação em Educação
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa


Este artigo organiza e discute as ideias chave de uma perspectiva situada da aprendizagem a partir da visão de Lave e Wenger (1991) procurando centrar-se na discussão (e com o objectivo de expandir a sua utilização) da noção de comunidade de prática e a sua utilização na análise da prática escolar em matemática. Esta discussão é auxiliada pelo seu uso na análise de extractos da actividade de alunos. Finalmente é feito um balanço das potencialidades desta perspectiva e traçadas algumas pistas do caminho a percorrer na busca de um esquema de análise nesta linha.


AQUI

(30 páginas)

terça-feira, fevereiro 17, 2009

ICME - 10 (2004) Investigação em Educação Matemática

Às voltas com as representações e crenças sobre a disciplina de Matemática... cheguei a este texto de Erkki Pehkonen

State-of-the-art in mathematical beliefs research

Erkki Pehkonen is a senior lecturer in the field of mathematics education at the University of Helsinki. He is interested in problem solving with a focus on motivating middle grades students and understanding students’ and teachers’ conceptions about mathematics teaching. (fonte)

Em busca da referência, acabei aqui:

http://www.icme10.dk/proceedings/pages/side01main.htm

The 10th International Congress on Mathematical Education
Under the auspices of ICMI (International Commission on Mathematical Instruction) the 10th International Congress on Mathematical Education, ICME-10, was held in Copenhagen, Denmark. July 4-11, 2004
The aim of the ICME congresses was to: show what is happening in mathematics education worldwide, in terms of research as well as teaching practices; exchange information on the problems of mathematics education around the world; learn and benefit from recent advances in mathematics as a discipline


Livro completo (mais de 500 páginas para explorar com calma, um dia... um olhar diagonal diz-me que valerá a pena ler alguns dos contributos... isto se algum dia voltar o tempo para o professor ler... e continuar a aperfeiçoar as suas competências profissionais vida fora...)






E, não incluídas na parte publicada, ainda podem ser consultadas as "Regular Lectures" na mesma página http://www.icme10.dk/proceedings/pages/side01main.htm

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O ICME 11 foi em 2008 no México (qualquer dia... os textos...)

ICME 12?

2012... Coreia...

Os meus e os que não são meus mas são meus também

Professora! Professora! Tive Bom a Matemática!
Deu-me a mão por volta das 8 da manhã, sem me deixar entrar, com a alegria que não queria conter... Ex-aluna, sempre revelou dificuldades no 5º e no 6º anos, depois de um ou dois choros e muita conversa, percebeu que era preciso trabalhar muito, com a minha ajuda, e nunca mais deixou de o fazer... Agora já no 7º é uma das que se tem mantido sem sobressalto... ao ponto de ter conseguido finalmente o Bom... ao contrário de, por exemplo, um dos meus melhores alunos dessa turma (mas demasiado "brincalhão e conversador") que teve... Insuficiente. Parece que progrediu na brincadeira e na conversa, mas regrediu na dedicação ao estudo. Celebrei com ela. Fico feliz por eles. Serão sempre os meus meninos, mesmo depois de crescerem e seguirem caminho...

Professora! Tive Bom a Matemática e Suficiente mais a Português!
No meio da enorme confusão do pavilhão, no ambiente apertado e tumultuoso da entrada para as salas, ele apareceu no meio da multidão para me dar a notícia.
E quem é ele?
Não sei bem.
Na quinta-feira da semana passada apareceu à porta do clube (já nos havia namorado um dia destes) perguntando se podia experimentar. Que a professora da tutoria não estava... que gostava de ver o que fazíamos ali. Percebi que é amigo do "conguito" (o tal menino complicado que no clube não é nada complicado). Claro que o deixei ficar. Expliquei que estamos um pouco no limite, mas se ele tinha computador (pareceu-me vê-lo um dia no chão a... jogar? com um) que podia trazê-lo e aprendia a programar nele. Oh professora, mas eu tenho tutoria na primeira hora do Clube, só posso... Deixa estar, depois vens à segunda... ou até podes pedir à professora que venha conhecer este espaço... Diz ele: Eu até podia pedir-lhe para mudar a hora da tutoria...
Nesse dia ficou e aprendeu e acho que gostou.
Não é meu, mas já é quase meu.
Hoje abordou-me como se fossemos velhos conhecidos percebendo-se o enorme prazer e alegria na partilha dos bons resultados. Depreendo que deve ser um aluno pouco habituado a boas notas e com alguma dificuldade no percurso escolar (a tutoria deve ter alguma razão).
A verdade é que não o conheço bem... mas palpita-me que virei a conhecer.

A escola dos laços perde-se aos poucos.
Luto para me manter à tona e continuar a sentir cada aluno como pessoa que merece respeito e atenção, não apenas mais um nome num impresso, umas notas para a estatística das coisas, um objecto sentado à minha frente numa correria em que as caras e os lugares vão mudando ao longo do dia e da semana, sem mais. Meu ou não meu que depois fique meu do coração, tanto me faz. São gente.

O que mais me dói nas comunicações em papel que são feitas aos professores de forma fria e distante, para os informar dos incumprimentos e da não aplicação (injusta e provavelmente ilegal) deste ou daquele artigo e respectiva progressão, é este amarrotar e rasgar progressivo da humanidade que sempre habitou a escola. É esta sensação de que deixámos de ser gente para passar a ser um ser que não é nem deixa de ser a não ser que preencha todos os papéis com ou sem razão de ser.
Ao optarem, alguns país fora, por esses gestos impessoais e irreflectidos é feita uma opção clara: para não trairem uma tutela cega e injusta (o que tem feito ela de bom pela escola?), traem e tratam de forma cega e injusta aqueles que mais têm dado ao serviço das crianças e, portanto, da escola. Das suas escolas.
Os riscos são óbvios. E as consequências muitas... duvido que alguma boa.

Explicação?
Não encontro.
Mas eu sou uma pessoa simples...

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Matemática... em movimento

Procurava eu uma forma de levar os alunos a visualizar melhor a "prova" da afirmação de que "a soma dos ângulos internos de um triângulo é sempre 180º", quando dei com estas animações - destaque para a primeira (poderiam ser programadas em Scratch por alunos...):





E depois com a preciosidade que se segue...

(... foi você que pediu uma revisão de alguns conceitos de trigonometria? Sim?
Então, delicie-se!)




E não esgota...
Encontrei "na zona Youtube relacionada", mais algumas animações que parecem interessantes...

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Na plataforma do Scratch do MIT, existem vários projectos com "tag" trigonometria aqui:
http://scratch.mit.edu/tags/view/trigonometry

(Alguns são interessantes...)

domingo, fevereiro 15, 2009

Quiet (???) nights - Diana Krall

Esperar por 31 de Março...

[diana.jpg]


Some music is intended to paint a romantic scene – a candlelit dinner, a walk along a moonlit beach. Quiet Nights – Diana Krall’s twelfth album – ain’t about that. Using Brazil as a musical point of reference, the award-winning pianist and singer is not suggesting a night out; she means to stay in.
“It's not coy. It's not ‘peel me a grape,’ little girl stuff. I feel this album’s very womanly – like you're lying next to your lover in bed whispering this in their ear.”

She’s not kidding. From Krall’s refreshing version of “Where or When,” to an utterly soul-stilling rendition of “You’re My Thrill,” the ten songs on Quiet Nights are disarming in their intimacy. Even those already familiar with the breathy vocals and rhythmic lilt in Krall’s music – and now there are millions – will be taken aback by just how far the music pushes, unabashedly, into the realm of sweet surrender. “It’s a sensual, downright erotic record and it's intended to be that way.” (fonte... ler mais)

Verve Records will release Diana Krall's new album 'Quiet Nights,' on March 31st. The romantic album combines Brazilian and west coast jazz styles and features three recordings of songs by bossa nova legend Antonio Carlos Jobim.'Quiet Nights' reunites Krall with arranger Claus Ogerman for the first time since the multi-platinum 2001 album 'The Look of Love.' The GRAMMY Award winning pianist and vocalist adds Paulinho Da Costa on percussion to her already outstanding quartet of Anthony Wilson (guitar), John Clayton (bass) and Jeff Hamilton (drums).Krall co-produced the album with Tommy LiPuma, the tenth time they have worked together, and returned to Capital Studios in Hollywood with Al Schmitt engineering and mixing.'Quiet Nights' is Krall's 12th album and her first full length studio release since 2006's ... (fonte)


1. Where Or When
2. Too Marvelous For Words
3. I’ve Grown Accustomed To Your Face
4. The Boy From Ipanema
5. Walk On By
6. Guess I’ll Hang My Tears Out To Dry
7. Este Seu Olhar
8. So Nice
9. Quiet Nights
10. You’re My Thrill

sábado, fevereiro 14, 2009

Amor e Fado(s)

Lembrei-me da minha Teresa (vi-a ontem) e do seu pedido satisfeito por alturas de Setembro.

Nunca partilhei aqui as palavras que lhe emprestei.

Hoje parece-me um dia bom. :)

(Deve ser por conta da insistente envolvência cor-de-rosa do marketing... associada a um dia solitário de trabalho. E já repararam na bipolaridade das ofertas? O poeta é um fingidor...)


"(...) Queria pedir-lhe que me fizesse um poema em quadras para eu colocar num fado. Estou-lhe a pedir tal coisa porque é muito difícil encontrar letras para mim (...)"

Teresa
Só para ti...
Se por acaso alguém um dia quiser usar em disco... tenho de registar os poemas, sim? Depois me dizes... Espero bem que o disco seja teu... :)

Beijinhos


Sou céu

Não corras atrás de mim
não corras vais-te cansar
eu sou ave de ninguém
do que mais gosto é voar

Tenho o mundo à minha espera
caminhos que eu nunca fiz
prefiro uma estrada sem rumo
ao que o teu coração me diz

Deixa-me olhar para a frente
os sonhos não são p'ra prender
eu sou água, eu sou céu
eu só sou quem quero ser

Não me peças, não te dou
o que estás sempre a pedir
só te quero se quiseres
ser também ave e partir



Se um dia...

Se um dia eu te pedisse
um pedacinho da Lua
será que tu quererias
ser mais meu e eu mais tua?

Se um dia eu te pedisse
um barco para voar
será que tu feiticeiro
mandavas pôr asas no mar?

Nunca me digas que não
que o meu fado é só pedir
estender-te a minha mão
jamais te deixar partir.

Nunca me deixes sozinha
em rua que não conheço
tu és o caminho que eu quero
o meu fim e o meu começo.



Ausência...

e (um) nós...



sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Elizabeth Gilbert: A new way to think about creativity

Cheguei a casa e dediquei cerca de 20 minutos à escuta.
Precisava.
Gostei das palavras.




http://www.ted.com
"Eat, Pray, Love" Author Elizabeth Gilbert muses on the impossible things we expect from artists and geniuses -- and shares the radical idea that, instead of the rare person "being" a genius, all of us "have" a genius. It's a funny, personal and surprisingly moving talk.

Da Matemática ao pictionary, passando por alguns disparates...

Não podendo aceder à sala do clube, lá fomos novamente para a Biblioteca.
Dia de Sol... alguns com autorização para ir correr um bocadinho. Precisam.
Outros no Apoio de Matemática comigo (juntou-se a nós um ex-aluno agora no 9º ano, em estilo muito cool com ar cúmplice a sentir-se grande fazendo as contas pelos "miúdos"... Está sossegado, não dês a resposta... eles têm de descobrir...), outros trabalhando autonomamente na mesa do lado.
Findo o tempo do apoio... três alunas desafiaram-me para jogar Pictionary na zona de jogos da BE. Era preciso uma parceira para a B. Fui eu. Não haver possibilidade de realizar as actividades do Clube, não impede que passe o tempo com eles noutra actividade. Estas alunas merecem bem o descanso e o mimo.
Diverti-me muito. Quarenta e cinco minutos preciosos para relaxar a mente e o corpo. Expliquei-lhes que tinha quatro irmãos e adorava jogar jogos de grupo. Como passava muito tempo sozinha, havia deixado de ter essa oportunidade e sentia saudade. Hoje matei-a.

De caminho para o resto das aulas da tarde, a notícia de que alguns alunos da outra turma resolveram à hora de almoço sair da escola para ir novamente ao supermercado buscar coisas com características comestíveis, mas não de alimento, e... compraram também e beberam uma célebre bebida que aparentemente dá asas para tudo menos para se concentrarem no que é preciso. Algumas mal dispostas, excitação sem controlo, colegas aproveitando e estimulando a brincadeira e uma aula de História completamente deitada fora. Assunto encaminhado pela DT com telefonemas aos Pais. Choros. Arrependimentos. Por favor não telefone. Alguns não devem repetir tão depressa. Na aula de EA a situação mais calma, mas ainda com restos de agitação a sobrar do almoço infeliz.

O quotidiano da escola. Esse quotidiano desconhecido de quem manda e sabe tudo. Cumpram-se os programas, os planos, tudo previsto em todos os papéis, planos tecnológicos bondosos, crianças perfeitas e de cera, quase trinta numa sala onde mal cabem, três que pouco dominam o português, alguns numa espécie de ressaca de RB, mau cheiro, frio, humidade, nenhum computador, nem um fio de internet, nenhum tempo para nada.

Eu sei (sabemos) do real. Convivo (convivemos) com ele há tempo demais para me (nos) esquecer(mos).
Só me aborrece que quem cá não está faça crer que a escola é um espaço asséptico onde tudo é liso e perfeito e não é preciso tempo para que os problemas se resolvam, para que as crianças possam realmente ser acompanhadas como precisam nestes novos e desconhecidos tempos. Tudo passou a ser uma espécie de fábrica de enchidos, sem tempo para humanidades. Onde apenas é necessário que existam alguns mais iluminados (e talvez um dia recompensados na devida proporção desse esforço) do que outros (sorrio a algumas das "escolhas") para controlar bem se os restantes desiluminados preenchem correctamente os impressos sem erros de forma nem de conteúdo para poderem aceder a um carimbo na carne.

Ah! A minha amiga Nena, do grupo de dança renascentista, professora dedicada e excepcional a todos os títulos (das melhores que alguma vez conheci), também teve direito à sua notificaçãozita.

Ok. Pronto Maria Teresa. Pronto. Respira fundo. Trepa pela entrada acima e regressa lá aos momentos bons... da manhã... do princípio da tarde... regressa ao Pictionary...

Ovo... não... cabeça... pessoa... pessoa... corda.... saltar à corda!
Pessoa... coisa à volta do braço... mala... não... braço partido?
País... oceano... Europa?... Oceano... Atlântico... América... Brasil... Brasília? S. Paulo? Salvador?.... oops... acabou o tempo... era Rio de Janeiro...

Como elas têm crescido...
E o que se pode aprender desenhando e brincando... quando sobra um bocadinho de tempo.

Quem salva quem na Escola?

Carinho(so)



Uma das melhores recordações dos tempos da música e da banda dos Piratas foi um amigo que se mantém presente até hoje e é a pessoa com quem mais aprendi nesses tempos. Dos Trovante aos Resistência, aos Madredeus, aos Sal...o Fernando Júdice é assim um cavaleiro que se passeia de aventura em aventura sem se deixar prender completamente para que os voos continuem a chegar.
Recuperou-se o fio do contacto depois da apresentação do projecto Sal que, por uma extraordinária coincidência (a vida é assim uma teia mágica), foi feito em parceria com o Tiago Torres da Silva, outro ser especial que descobri há poucos anos.
Depois de arrumar as minhas notas no myspace, é claro que os juntei aos dois por lá, perto de mim, porque é assim mesmo, os amigos devem ter alguns fios a prendê-los, mesmo que a distância os aparte no plano físico. Maravilhosa Internet.

Explorar o recanto do Fernando é assim como vasculhar as poças de mar nas rochas da infância. Há sempre tesouros para escutar no movimento dos peixes, na alga verde, na concha brilhante, na pedra redonda, na bailarina anémona, no búzio vazio que encostamos a nós. Canções antigas renascem com outras inspiradas vestes. Canções novas nascem apenas, sem mais. Recolhemos as flores de que mais gostamos.

E quando acordamos a precisar de sossego e carinho encontramos por lá carícias que afagam a alma com tintas suaves aguarelas que nos levam para dentro delas sem esforço.

Tudo para dizer que o tema carinhoso de Pixinguinha, na voz de Manuela Azevedo - Clã (do álbum carinhoso - José Peixoto e Fernando Júdice, podem escutar AQUI o CD inteirinho) era aquilo de que precisava para iniciar este último dia de uma semana não fácil (história da canção AQUI).

Um dia regresso (inteira) à escrita para a música. Sei. Gavetas cheias de princípios que brotam a meio de outras coisas e continuam à espera de fim. Agarramo-nos sempre ao futuro como se fosse apenas um presente adiado. E ter sonhos é como ter asas para algum lado.

Sexta-feira treze é sempre bom prenúncio. Às vezes surgem nela mensagens de esperança e desafio... E é na música que bebo muita da energia que se transforma depois em carinhos oferecidos aos alunos.

Todas as fontes têm as suas (carinhosas) nascentes...

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais - Charles Darwin

Está na minha lista há uns meses.
Outras prioridades se têm imposto e, assim, continua ausente.

Hoje, depois do dia de notícias recordando o autor, lembrei-me e voltei a colocá-lo na lista. (Preciso de viver muitos anos para ler tudo o que ainda quero ler. Ah! E de uma casa maior...)

A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais

A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais

Charles Darwin

Editora: Relógio d' Água , 2006

«Porque encolhemos os ombros? Porque é que os cães abanam as caudas? Porque franzimos as sobrancelhas quando estamos zangados e fazemos beicinho quando estamos tristes em vez do contrário? Qual é a diferença entre culpa e vergonha? Este seria um livro notável mesmo que tivesse respondido apenas a estas ou a perguntas semelhantes sobre as emoções em 1872. Mas A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais provou também que a mente humana, e não só o corpo, é um produto da evolução. (...) Esta edição lembra não uma peça de museu, delicadamente restaurada, mas uma obra embrionária que apenas precisou de um espelho para se actualizar. É tão fresca e provocante como há 125 anos atrás.» - Steven Pinker, Science

«A obra-prima esquecida de Darwin combina o voyeurismo de um livro de Desmond Morris e o rigor de um texto de Richard Dawkins.» - Kenan Malik, Independent on Sunday

«Altamente original... Isto é cultura no seu melhor.» - Simon Baron-Cohen, Nature

(Fonte)

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Scratch Team Blog...

Novidades no Scratch.mit.edu:
a estreia de um blogue da equipa!

Para acompanhar...

Sonhos com moldura


EXPOSIÇÃO "SONHOS COM MOLDURA"
PAÇOS DA CULTURA
ATÉ DIA 8 DE MARÇO DE 2009.


DE SEGUNDA A SÁBADO DAS 10 ÀS 24 HORAS
AOS DOMINGOS DAS 14 ÀS 24 HORAS.
RUA 11 DE OUTUBRO_PAÇOS DA CULTURA
3700 S. JOÃO DA MADEIRA
TELEFONE 256 827 783 _ 256 829 129
CENTRODARTE@GMAIL.COM / PACOSDACULTURA@CM-SJM.PT
WWW.CENTRODEARTE.ORG / http://www.cm-sjm.pt/


[sonhosmoldura_web.jpg]

clicar para ler...



terça-feira, fevereiro 10, 2009

Esta vida de professor-soldado...

As recaídas têm uma coisa boa... é sinal de que já estivemos de pé e que, provavelmente, mais cedo ou mais tarde, voltaremos a estar... e que um dia volta de novo a ser Verão.
Trabalhar em más condições, com frio, com um público doce oferecendo uma variedade rica de micróbios, propicia esta fértil troca. Eu dou os meus e recebo todos os que me oferecem quando se penduram, se aproximam, tossem descontrolados, espirram sem cuidados, roubam um beijinho.
Hoje foi dia de lhes levar uns quantos meus para partilhar, já que no fim-de-semana tudo regressou à estaca zero. Pior... abaixo da última estaca zero (em jeitinho negativo).
Janeiro e Fevereiro não estão a ser fáceis.
Faltas por doença? Nenhuma. Brincar com o fogo na convicção de que tudo se aguenta e que faltar é que não (tanta coisa importante para fazer, eles precisam de mim), embora hoje a última aula tenha sido algo penosa, e tenha conseguido apenas à justa umas forças roubadas de não sei que cartola para aguentar com sorrisos, imaginação e ajudá-los, apesar de tudo, com exigência e paciência, na resolução de problemas em torno das áreas... Precisam tanto! Podemos usar máquina calculadora? (Contas tontas do mais simples que pode haver). Não!! Mas na prova podemos... Mas aqui não, ou adormecem de vez os ticos e os tecos! Não! Não! Não! Cofff Cofff Atchim... bomba para abrir os alvéolos...

Depois da primeira aula... intervalo... será que hoje consigo? Não.
A M. vem ter comigo e diz que tem uma coisa muito preocupante para me dizer com aquele seu ar docinho e pequenino, frágil também, fazendo um grande suspense antes de falar: estou a perder o interesse por tudo... pelas disciplinas... escola... não sei o que se passa... já disse à mãe...
Pára tudo. Preciso de intervalo para quê?
Conversámos muito. Algumas amigas aproximaram-se. Pensámos estratégias.
Crescer não é fácil. A vida torna-se complicada e nem todos estamos preparados para lidar com os desafios. As dificuldades acumulam-se. Cresce a falta de confiança. A tristeza. O "não sou capaz" à flor da boca. Terei de estar muito atenta. Terei de falar à DT.
Esta aluna tem explicações a semana toda. A vida está densa. Respira quando?
Não sei se encontrei as palavras certas para já... mas prometo ficar de olho em ti...

Depois... já que esta semana não pode haver Clube (semana do cinema francês ocupando a sala, porque as escolas são isto mesmo, ou uma coisa ou outra, sem espaço para serem completas), transformámos o tempo em momento de apoio de Matemática. Quem quiser venha comigo para a Biblioteca... Muitos. Sentadinhos bem apertadinhos de volta de recuperações, desenvolvimentos e deambulações matemáticas. Risos também. A C. pela primeira vez a resolver expressões numéricas sem dificuldade (sorrisos enormes a cada certo cor-de-rosa no caderno), o D. a vencer as dificuldades... explicando algo a uma colega que... tem ainda mais dificuldades do que ele (deliciosos os diálogos). Perto de tocar... perto do intervalo... intervalo?... começam a dizer... já? Já? Oh professora, não... ainda não acabámos... please! Não é a Matemática... é aquela cumplicidade de estarmos assim sentadinhos em mais cadeiras do que tamanho de mesa, a tossir uns para cima dos outros, como se fossemos todos alunos e nem sinal de professor. Gostam desta proximidade. Eu gosto muito e é na relação próxima de respeito, carinho e exigência que tudo de melhor se joga com estas idades. Mais um intervalo gasto com eles por ali a terminar o que faltava e... logo de seguida aula com os mesmos alunos... Matemática - esta minha turminha nova deste ano com tantas histórias difíceis de contar e a precisar tanto, mas tanto de tanta coisa, tantos tão cheios de várias solidões coladas neles sem remédio.

Há tempos, depois de uma aula de Ciências a R deixou-se ficar para o fim em mais um intervalo que não foi: oh professora, a minha mãe pergunta se a professora podia dizer-me uma alimentação para eu crescer mais...
Claro que lhe expliquei as minhas limitações... que essas questões deveriam ser colocadas ao médico de família, a um nutricionista, que ela não era pequena (não é)... que uma alimentação completa era... tal tal... assim e assado... preferência grelhado... e exemplos vastos, várias opções...
Hoje circulava uma caixinha com aperitivos de queijo de uma aluna da mesma turma (o seu lanche de meio da manhã numa latinha que tinha gravada na tampa "Mãe, adoro-te"...). Quando acabámos a aula a R. (da pergunta do outro dia) tinha na mão um pacote de batatas fritas com sabores e foi assim que partiu para a sua hora de almoço (à minha observação respondeu: mas eu não como isto há um mês! Eu ainda retorqui: OK... deixas de fumar um mês e depois voltas porque... há um mês que não fazias o disparate... ?)... saí da sala, confesso, entre o entupido e o desconsolado e ainda dei com vários alunos pela escola com sacos de um novo supermercado que abriu perto: mais aperitivos, refrigerantes, batatas fritas, bolachas cheias de coisa nenhuma...

Esta vida de professor oscila entre as conquistas e as perdas, entre o avançar e o recuar, entre o tudo e o nada. Às vezes, nos dias em que o cansaço grita mais alto, perguntamos porquê. O que nos move nesta tentativa constante, meio desesperada e cada vez mais solitária, de salvar o mundo como se fosse possível à escola fazê-lo completamente sozinha sem a ajuda das famílias, como se fosse possível continuar cada vez mais a esticar a presença das crianças entre muros e a ausência dos pais fora deles em paralelos caminhos desprovidos de sentido?

É ao olhar para a cara de alguns alunos do presente e para a lembrança de muitos outros do passado que a melhor resposta me chega nos dias das dúvidas: para muitos deles, nestas idades, fazemos toda a diferença. Poderemos ser, para os que habitam no lado mais triste da vida, a coisa mais doce que lembrarão da infância.
Sendo uma responsabilidade tremenda, é também a certeza de que servimos uma causa muito maior do que a nossa, do que a das leis que se esquecem que devem servir as pessoas antes de servirem os interesses de alguns. A causa do melhor futuro possível para eles e para nós país, mundo, de volta.

Gosto de estar na frente de combate. Mesmo com tosse. Até com febre.
Sobretudo com uma imensa humildade de quem sabe já alguma coisa, mas ainda anda a aprender o tanto que lhe falta. Sirvo os interesses das pessoas que mais importam dentro de uma escola. Não deveria ser essa a sua suprema missão?

(Galões e honrarias aos generais não ajudam a salvar o futuro...)