quinta-feira, novembro 15, 2007

Ambrósio, apetecia-me algo...

Não, não era um daqueles, que hibernam no Verão para regressar no Inverno.
Era ter tempo e energia para denunciar o que parece que ninguém vê ou quer ver. Para gritar o que se desabafa em sussurro, o que ninguém ouve pelos corredores (que deixaram de ter tamanho para o tamanho da pena e do suplício).

Só que já nem forças tenho para segurar na caneta do meu teclado (mas tenho para mim que é estratégia concertada para nos roubar tempo ao exercício da cidadania...).

Sorte a minha, a nossa, que o Paulo diz tão bem para o seu umbigo... e que o umbigo anda para aí exposto por tudo quanto é lado. Se chegou aqui e ainda não foi lá. Experimente pelo menos estes dois sabores e aventure-se depois pelo resto. (Sobretudo se estiver a pensar ser professor... e quiser um duche de realidade fria.)

Novembro 14, 2007
Agora É Que Está a Bater Com Força
O Trabalho Que Ninguém Vê

Acresce que li muito bem o estatuto da carreira docente antes de me meter em aventuras. Percebi exactamente o enorme disparate da titularização antes da coisa se me pegar à pele e resolvi nem bater à porta da doença (mesmo com lugarzinho guardado para mim). Tive pena de mim e do que me iria acontecer. Talvez a gripe das aves fosse mais benévola... conheço-me bem. Sou uma pessoa frágil.

Não sei se teria sido solução... mas agora à distância da coisa pergunto-me: e se todos nós tivessemos decidido não sermos opositores ao concurso?
Não tenho resposta, mas duma coisa tenho a certeza: ao ver cumpridos os meus maiores receios aquando da leitura dos textos que agouravam este presente, na altura futuro, proponho-vos que adivinhem a resposta à pergunta que já me foi feita mais do que uma vez - não estás arrependida de teres decidido não te candidatar a titular, sabendo que ias ficar?
Não é nada difícil adivinhar a resposta.

(Ah! Também acresce que desde há anos, perdi-lhes a conta, recebo pelo 8º quando tecnicamente transitei para o 9º e por uns míseros dias fiquei no limbo. É preciso ir recordando. Eu e muitos outros, claro. Façam as contas. Tinha dado para pagar muitos mestrados... sim, que quem paga a formação "de luxo" para sermos melhores profissionais na nossa empresa... somos nós. E, curioso, no nosso estatuto prosseguir estudos, aperfeiçoar a coisa, é um dever. Um rancho de filhos e lá ficava penalizada por não o cumprir. Divido-me entre oferecer à nação a prole que o Governo tanto deseja para renovar as doces rugas do país, e o cumprimento dos deveres, quantas vezes sem sentido e a desoras, a que nos obrigam. Hummmm. Deixa cá pensar... Têm de ser os deveres. Não há tempo para proles. Qualquer dia nem tempo para as fazer condignamente com a lentidão adequada. Para "rapidices" e "aceleradices" sem "profundidade", reuniões a metro tipo "never ending story", já nos chega a escola do momento.)

Qualquer dia começo a acreditar que a maior fonte de felicidade será sem dúvida a ignorância. Não ler, não saber, não pensar. Maravilha.

Acéfalos, anestesiados podíamos ser tão tão felizes.

Ambrósio! Oh Ambrósio! Apetecia-me algo!!! Ouviste?

(Que falta de imaginação... e não é que me trouxe um maldito ferrero? Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. (...) FP)

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3 comentários:

Herr Macintosh disse...

Qualquer professor que leia o post do Paulo se identifica com ele porque já lhes aconteceu entrar às 8:30 e sair às 19:30, 20:00 e ainda mais tarde. É claro que isso não interessa à tutela. Talvez devessem ler alguma coisa sobre sociologia do trabalho... ou umas coisinhas de História... podia ser aprendessem alguma coisa. Digo eu...

Anónimo disse...

Perguntas: "e se todos nós tivessemos decidido não ser opositores ao concurso?". Não tenho dúvidas de que teria sido muito eficaz, mas também não tenho dúvidas de que mesmo que tivesse havido uma iniciativa a mobilizar para isso só uma minoria teria aderido. :(
Mas não desanimes! :) Estou muito convicta de que a tampa acabará por saltar ou, pelo menos, as consequências disto tudo não tardarão a saltar à vista de todos.
Beijinhos muito solidários.

Anónimo disse...

Não desanimo..... mas que isto é uma enorme parvoíce, realmente é.
Beijinhos!