sábado, junho 16, 2007

Emoções

À solta neste fim-de-semana.

De todas as cores.


De todos os tamanhos e feitios.

Entranhadas nos dias.


Só saborear.

Só passear por todas elas.

Sem pensar em razões.

(Em porquês. Para quês.)

Sem as cartografar.



Deixo isso para o poeta.






Os amantes incertos

Dormem juntos o caos
e a ordem: ele, de costas para a parede,
ressona; ela, a cabeça enterrada
no travesseiro, talvez sonhe
com um ruído de rumores obscuros. A noite
envolve-os às avessas: um caos de pernas
voltadas para o lado mais negro
do infinito; e uma ordem de braços
presos ao círculo da terra, onde
as raízes podres do outono rasgam
os lençóis da alma. Passo por eles
em silêncio: não quero acordá-los; e
sei que me olham, com os olhos
fechados do caos, e me ouvem, com os ouvidos
atentos da ordem.

Nuno Júdice

Cartografia das Emoções

2 comentários:

matilde disse...

É bom sentir o acaso, a não necessidade de ordem, a não pressão de organização - seja de ideias, seja de papeis, seja de bibelots...
De vez em quando é bom senti-la. Para que não fiquemos demasiado emparteleirados.. para que não seja difícil limparmos o pó a nós mesmos... =)

Beijokas 3za.

Anónimo disse...

Como te compreendo...... :)
Beijinhos!