quinta-feira, junho 07, 2007

De dentro para fora

Durante a rega (bem)matinal , acabei de acordar a primeira Maniola jurtina que vi este ano no jardim. Ontem andava pela hera ao fim do dia e acabou mesmo por dormir cá em casa. Já é residente oficial. (Ver aqui mais imagens... é que só consegui fotografar a face inferior).




E olhem lá para esta lagartinha de Papilio machaon que também descobri hoje (cerca de 1,5 cm). Este ano os Papilios, penso que por conta de uma Primavera fria, estão atrasados e as posturas têm sido fracas.





Já viram como ela segue o seu destino e, com sorte, se ninguém a comer pelo caminho, ainda consegue chegar a borboleta?

Pois... acho que tenho realmente vocação para borboleta, o que é que querem?
Preciso de tempo para ler umas folhinhas verdes, comer umas rosas, desenhar umas nuvens... ou morro de tédio e de sede. Percebem agora o mistério da resistência? Não é sequer acto heróico!
Luto como posso pela (minha) sobrevivência. Apenas isso.

Lutem pela vossa, como tiver de ser.
Sem sentimento de culpa.
Estejam em que posição estiverem, há sempre forma de combater a desinteligência das coisas. Todos os pontos de vista vão ser importantes. É de dentro para fora que a mudança vai de menina a mulher. Já viram como nasce a borboleta da lagarta-crisálida? Sabem que tudo se "dissolve" dentro dela e se reconstrói em algo diferente? Alguém acredita que seria possível fabricar uma borboleta de fora para dentro? Esculpi-la por vontade iluminada de um governante?


A Escola é assim. Nós sabemos. É um segredo nosso esta espécie de infidelidade normativa dentro dos limites aceitáveis que a tem mantido viva apesar dos erros alheios, dos jogos sem sentido de "o chefe manda". Tem uma inteligência própria de quem sabe o que é importante. Erra, procura aprender. Tem guardiões do templo zelando pelos tesouros mais preciosos que nela se escondem e de que ninguém fala. Aceita as suas culpas e procura caminhos. Recusa ser única responsável. Se não é assim, tem de aprender a ser assim. Ou moribundará lentamente...


Creio que os titulares o não esquecerão e que combaterão nos lugares privilegiados, com a ajuda/e em nome de todos, por algo mais do que este deserto que pretendem que a escola seja.
(um perigoso e real deserto que não mora a sul...)

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Não pode é deixar-se entranhar em nós uma divisão sem sentido...
...ou reinará (ainda) mais facilmente quem nos dividiu...

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