segunda-feira, dezembro 11, 2006

Manhã doce

Manhã cedinho. Muito frio. Lá fui eu à escolinha do 1ºC de Setúbal, turma do 4º ano, visita prometida.

Perguntas, muitas perguntas. Querem saber tudo. Eu respondo a tudo estabelecendo a relação necessária com a sua escola, a sua actividade diária... dali partindo para o sonho e a fantasia... que sim... que já escrevo há muito! Desde que comecei a saber juntar as palavras e a divertir-me com os efeitos engraçados que se obtinham a partir delas, quando misturávamos parceiras pouco habituadas a andar juntas... tal e qual as cores... que sim, que escrevo todos os dias, porque escrever é um ofício, uma arte que se treina também. Não somos diferentes dos atletas... há que praticar... vocês sabem... o que é que acontece em férias? Dedinhos no ar, todos a dizer: esquecemos tudo... ai eu esqueci a tabuada do 7 e do 8... ai eu... pois... porque não guardaram um bocadinho do tempo para praticar... o segredo de tudo o que se quer fazer bem... E gosta de ser escritora? Que sim... muito, mas que sou aprendiz de escritora e vou ser sempre... que cada dia avanço um bocadinho mais, que na vida é sempre assim... sempre a aprender, sempre... E só escreve poemas? Que não, também histórias em prosa... querem ouvir uma? Sim!!! E lá fui eu... e foi uma, e foram duas e queremos mais... mas agora são vocês a ler para mim... e leram, cada um escolheu um poema, depois brincámos aos provérbios, um diz a primeira parte e outro descobre o fim... já viram que com o mesmo provérbio escrevi mais do que um poema? Que a imaginação não tem limites? Experimentem vocês despenteá-los mais do que uma vez! O tempo a passar sem darmos por isso...
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... E no fim... mais uns miminhos, muito pertinho, que é como devemos estar todos... perto uns dos outros... Quer ouvir uma história que eu escrevi ontem? perguntou a Beatriz... Claro que sim, vai buscar e vem lê-la. Assim foi e ali ficámos mais um bocadinho, também a professora deles que me acolheu com imenso carinho, já os restantes alunos a partir para o intervalo, não saindo da sala sem antes perguntar se eu deixava os livros na biblioteca para eles poderem levar para casa. Que sim, claro, já aqui estão os três. Agora podem levá-los... e ainda o endereço do saborsaber para poderem ler mais histórias, poemas, aprender canções... fica escrito no quadro.

Gostava de ter mais tempo.
Sinto que estes momentos são importantes, que podem fazer uma pequenina diferença. Que a experiência de professora me ajuda a chegar mais longe dentro deles. A verdade é que os conheço tão bem... Todos diferentes, certo, mas todos desejando um carinho, uma atenção, um cuidado, uma palavra... Todos cheios de fantasia, de curiosidade sobre o mundo e as pessoas... A mesma que eu sinto e que me faz escrever.

Pensei que a escritora Teresa Marques fosse assim mais velha, mas afinal tem para aí uns 23 anos (ai os vossos olhos, ai o meu ego...)... não meus queridos, mais, bastante mais... 28? 30? Não, não, mais...e por aí fora... até... até aos 46... menos, menos... finalmente a conta certa.
Os olhos das crianças vêem fadas e duendes. Se pareço jovem, a culpa é toda delas e desse olhar que ainda preservo por beber nelas essa alegria primeira que insiste em não querer partir.
Porque não consigo deixar de ser, também eu, uma criança pequena (nem grande sou... confessa o BI que são apenas 162 cm), independentemente do número de rugas que se vão desenhando com o tempo...

Está prometido: volto no final do ano para me mostrarem os vossos trabalhos!


2 comentários:

Miguel Quintão disse...

Fico satisfeito de ver que a qualidade de alguns blogs de Professores, foram reencaminhados para a sua dimensão.
Os Pais agradecem, os alunos agradecem e até os incompetentes agradecem, por existirem Professores assim.
Este o exemplo de um Post profissionalmente rico e dignificante!

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada pela visita e pelas palavras.