quinta-feira, junho 01, 2006

Universal, Mundial, Internacional... mas pouco.

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Pena que os dias mundiais, universais, internacionais... andem por aí e por ali perdidos... sempre mais perdidos do que encontrados.
Pouco. Muito pouco. Bem mais dão muitos professores deste País...

1Junho - Dia Mundial da Criança
4 Junho - Dia Internacional das Crianças Inocentes(?) Vítimas de Agressão

20 Novembro - Dia Universal da Criança




Abri o baú das lembranças:

Einstein: Um exemplo no Ano Internacional da Criança
Chamusca Ilustrada, nº 13, Maio.1979

Eduardo Martinho


(...)

"Tudo quanto o espírito inventivo do homem criou nos últimos cem anos poderia assegurar-nos uma vida despreocupada e feliz se o progresso em matéria de organização tivesse caminhado a par do progresso técnico. Mas, assim, tudo quanto se conseguiu à custa de muito esforço, lembra, nas mãos da nossa geração, uma lâmina de barbear nas mãos de uma criança de três anos. A aquisição de maravilhosos meios de produção não nos trouxe a liberdade, mas sim a preocupação e a fome. Mas o efeito do progresso técnico torna-se mais nocivo quando fornece meios para a destruição de vidas humanas ou de produtos do seu trabalho penoso. Nós, os mais velhos, vimos isso com horror durante a guerra mundial. Mas pior ainda que a destruição parece-me ser a escravidão indigna para a qual a guerra arrasta os indivíduos. Não será horrível uma pessoa ver-se obrigada pela colectividade a praticar acções que cada um, arbitrariamente, considera como crimes medonhos? Só poucos tiveram a grandeza moral suficiente para se oporem a isto: são esses, a meu ver, os verdadeiros heróis.
Estas são passagens de uma colectânea de textos produzidos por Einstein em diversas circunstân­cias ao longo da sua vida, intitulada “Como Vejo o Mundo” (Empresa Nacional de Publicidade, 1962). (...)

Educação para a independência do pensamento
Não basta preparar o homem para o domínio de uma especialidade qualquer. Passará a ser então uma espécie de máquina utilizável, mas não uma personalidade perfeita. O que importa é que venha a ter um sentido atento para o que for digno de esforço, e que for belo e moralmente bom. De contrário, virá a parecer-se mais com um cão amestrado do que com um ser harmoniosamente desenvolvido, pois só tem os conhecimentos da sua especialização. Deve aprender a compreender as motivações dos ho­mens, as suas ilusões e as suas paixões, para tomar uma atitude perante cada um dos seus semelhan­tes e perante a comunidade.
Estes valores são transmitidos à jovem geração pelo contacto pessoal com os professores, e não – ou pelo menos não primordialmente – pelos livros de ensino. São os professores, antes de mais nada, que desenvolvem e conservam a cultura. São ainda esses valores que tenho em mente quando reco­mendo, como algo de importante, as humanidades e não o mero tecnicismo árido, no campo histó­rico e filosófico.
A importância dada ao sistema de competição e à especialização precoce, sob pretexto da utilidade imediata, é o que mata o espírito de que depende toda a actividade cultural e até mesmo o próprio florescimento das ciências de especialização.
Faz também parte da essência de uma boa educação desenvolver nos jovens o pensamento crítico independente, desenvolvimento esse que é prejudicado, em grande parte, pela sobrecarga de discipli­nas em que o indivíduo, segundo o sistema adoptado, tem de obter nota de passagem. A sobrecarga conduz necessariamente à superficialidade e à falta de verdadeira cultura. O ensino deve ser de modo a fazer sentir aos alunos que aquilo que se lhes ensina é uma dádiva preciosa e não uma amarga obri­gação.


Uma alocução às crianças
Queridos meninos!
Regozijo-me por vos ver hoje diante de mim(....).

Lembrai-vos de que as coisas maravilhosa que ides aprendendo nas vossas escolas são a obra de muitas gerações, levada a cabo por todos os países do Mundo, à custa de muito entusiasmo, muito esforço e muita dor. Tudo é depositado nas vossas mãos, como uma herança, para que a aceiteis, hon­reis, desenvolveis e a transmitais fielmente um dia aos vossos filhos.
Se tiverdes esta ideia sempre em mente, encontrareis algum sentido na vida e no trabalho, e pode­reis formar uma opinião justa em relação aos outros povos e aos outros tempos.

As preocupações morais e humanas, e algumas desilusões, que o acompanharam até ao final da sua vida, temperou-as Einstein com a esperança que depositava nas novas gerações: nas crianças reside a esperança do Mundo.Completaria 100 anos em 14 de Março de 1979, o Homem cuja memória recordamos (se recordou) no Ano Interna­cional da Criança. "

1 comentário:

Anónimo disse...

Best regards from NY! »