sexta-feira, junho 30, 2006

Matemática para aprender a pensar

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"Podemos fazer dos processos de pensamento objecto de aprendizagem, mediante a abordagem de situações problemáticas, recorrendo aos intrumentos que a Matemática põe ao nosso dispor. O método baseado na resolução de problemas estimula os alunos a abordar novas situações, a encontrar resposta para questões para as quais não se conhece uma solução mecânica, a elaborar estratégias de pensamento, a questionarem-se, a aplicar os seus conhecimentos e competências a novas situações.
Nesta obra, defendemos que um problema não se limita a ser, apenas, uma tarefa matemática, mas antes uma ferramenta para pensar matematicamente, um meio de criar ambientes de aprendizagem que formem sujeitos autónomos, críticos e com capacidade de apresentar propostas, capazes de questionar factos, interpretações e explicações, de terem critérios, revelando-se, ao mesmo tempo, abertos aos critérios das outras pessoas."


Ao ler a contracapa, não resisti e avancei. Estou a gostar. Apeteceu-me partilhar o livro, mesmo sem ter chegado ao fim, e partilhar esta visão, com a qual concordo, de uma matemática ao serviço de algo bem maior e bem mais transversal na educação de todos. É esta a sua essência, a sua dimensão mais importante (frequentemente ausente e ocultada do currículo).
Decidam vocês se vale a pena ler... e pensar...

quinta-feira, junho 29, 2006

Alívio...

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OK. Começou finalmente a comer... Mas precisou de alguma ajuda e estímulo... e vitaminas e hidratação com uma seringuinha...
Está que nem uma rainha no seu cantinho favorito do sofá onde deu à luz os filhotes.
Barriguinha rapada, visual de Verão.

Só mais um bocadinho de paciência...

P.S. Não é que não haja questões educativas a discutir... não é que não passe os dias ainda de volta de papéis e escola... até parece... Preocupação com o PCA... mais uma semana apenas... e faltando tanto... já tentando esboçar projecto de melhoria a partir de um de auto-avaliação da escola, CRIE, CRE...

Mas... a Pantera hoje pediu-me para vir agradecer os mimos de todos quantos se têm preocupado. E acrescentou a esse pedido, um outro: tira-me uma foto para eles verem como estou bem e como sou bonita!

Eu tirei...

quarta-feira, junho 28, 2006

Este país que é o meu

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Dia complicado. Esterilização da Pantera. Ainda não está bem acordada da anestesia. Tem demorado bastante. Tenho de estar em vigilância.

Partilho porque é uma questão de consciência cívica e o nosso país não tem uma estrutura preparada para atender a este tipo de necessidades de controlo da natalidade dos animais errantes. Tudo deixado ao acaso, como muita coisa, aliás... As proibições surgem, a formação e o apoio são inexistentes. Associações beneméritas a fazer o que podem. Pouco. O que está ao seu alcance.
E um ou outro gesto em nome individual, também fruto do acaso.
Antigamente era possível fazer estas intervenções no hospital de medicina veterinária a um preço mais baixo. Possibilidade que acabou. Preços uniformizados.
Não lamento nem um tostão gasto desde que decidimos acolher a Pantera. Há a possibilidade e não se gasta noutras coisas supérfluas. Foi um gesto assumido.
Lamento um país que não protege eficazmente as suas crianças, os seus velhos, os seus animais.

Enquanto isso, vamos fazendo o que podemos.
A todos quantos adoptaram os meninos da Pantera agradecemos.
todos quantos adoptam animais perdidos, abandonados, esquecidos, agradecemos.
Esta foi, apesar de tudo, uma história com um final feliz.
Para nós será a última.
Já estamos no limite da capacidade com a recolha de três gatos adultos de rua.

Agora é cuidar deles...

terça-feira, junho 27, 2006

Cada dia sem gozo não foi teu

Todo o dia em reuniões. Pronto. É preciso. Eu sei.

(Este dia quase não foi meu. Procurei insistentemente um pássaro azul dentro dele até o encontrar. No intervalo das linhas, no som de uma música, numa voz secreta. Há sempre um pássaro azul possível no mais cinzento dos dias. Chamem por ele: virá. Com ele um beijo, uma flor e um sorriso.)



Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.

Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.

Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!


Ricardo Reis



segunda-feira, junho 26, 2006

ClicMat


Nem acredito que já estou com a cabeça no próximo ano lectivo...
Isto não é muito normal...
Mas vi esta pista na revista da APM e não resisti...
Irei explorar com calma...

(Podemos encontrar outras propostas para outras disciplinas na mesma página da DGIDC)

O ClicMat é um CD-ROM editado pela Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação e produzido pela Associação de Professores de Matemática (APM), tendo sido elaborado por uma equipa de quatro professores, uma ilustradora, um informático e um músico. Pode fazer download a partir do site da DGIDC e instalar o CD no seu computador.
O ClicMat foi feito a pensar em todos os alunos e professores do Ensino Básico, embora também possa ser muito estimulante para alunos de outros níveis e para todos os que gostam de desafios. É constituído por um conjunto de 32 actividades concebidas de maneira a poderem ser utilizadas, tanto em situação de sala de aula como em pequeno grupo ou individualmente de forma autónoma. Além de actividades originais, concebidas expressamente para este CD-ROM, foram incluídas propostas de actividades interactivas que resultam da adaptação de problemas ou tarefas originalmente sem carácter interactivo (ver créditos na Ficha Técnica). O CD-ROM contém ainda uma selecção de applets disponíveis na World Wide Web. Os applets são pequenos programas interactivos que podem ser visionados num browser. As actividades do ClicMat são de três tipos: problemas, actividades de investigação e jogos. As actividades são de diferentes graus de dificuldade e foram classificadas em três níveis: 1, 2 e 3. A atribuição dos níveis teve em conta conhecimentos e capacidades considerados necessários para a compreensão da tarefa e para a sua concretização. Algumas actividades têm mais do que um nível de dificuldade.Em todas as actividades existe uma ligação directa via Internet à APM, através da qual podem ser colocadas questões e apresentadas sugestões sobre as actividades do ClicMat.

http://www2.apm.pt/portal/index.php?id=26222

domingo, junho 25, 2006

Tudo em paz. Decisão tomada.



Agora que os filhotes se foram, a Pantera integra-se suavemente nas rotinas da casa...
Escolhe locais de repouso seguindo de perto os gostos do Jasmim. O mesmo sofá... o mesmo cesto cheio de pétalas de rosa secas e perfumadas (vocês não conseguem imaginar o cheirinho bom destes gatos depois de dormirem uma sesta no cesto...).


O Clóvis... bem, esse é o rei.


Segue-me para todo o lado. Quer estar perto. Pede, talvez, para ficar. Pede, quem sabe, para não ser devolvida à rua de onde chegou a esta casa.

Não precisas de pedir, Pantera. Já és da casa. A decisão foi tomada.

Tudo em paz...


sábado, junho 24, 2006

Crescer

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Este foi o hino cantado no final da festa. Escrito de propósito com esse fim. Dirigido aos adultos que os acompanham nessa aventura do crescer... família, professores...

(A música... pois... não deu tempo para compor nada novo, portanto aproveitei a melodia que tinha feito para a canção do SOL... aliás, construí o poema para jogar com essa melodia. Embora o ritmo e a energia sejam bem maiores no hino.
Eles cantaram de forma maravilhosa!)

No final da festa entreguei-lhes uma chave enorme com uma etiqueta grande pendurada que dizia SALA 16. Era a chave do seu blogue. A partir do dia da festa não voltei a entrar como administradora. Eles sabem tudo o que é preciso saber sobre a manutenção da sua casa comum. Se desejarem que continue a ser o espaço da turma, será. Se quiserem algo diferente, têm nas mãos as escolhas futuras.
Agora sou apenas visita especial. Mereceram a emancipação.
Passei o testemunho. A chave para continuarem a crescer autonomamente.


UM DIA

Sei que um dia vou ser grande
e hei-de ficar assim (fazer gesto com a mão...)
vou partir à aventura
com vocês dentro de mim.

Mas não fiquem assustados
não é coisa para agora
irá sendo devagar
não me quero ir já embora.
refrão:
Vou continuar a crescer
o limite não será o céu
vocês vão olhar p’ra mim
procurar o que já fui
perguntar onde estou eu.

Estou aqui, sempre estarei
mesmo longe, ao vosso lado
no meu peito e no vosso
mesmo no meio de nós
há-de estar tudo guardado!


Porque gosto de um colo
e de mimos ao deitar
não quero crescer depressa
quero o amor aproveitar.

Acontece a toda a gente
esta coisa de crescer
mesmo quando for velhinho(a)
vou estar sempre a aprender.

refrão

Porque a vida é mesmo isto
um caminho, uma estrada
e vivê-la é uma viagem
não nos pode escapar nada.

E por isso agradeço
aos meus pais, aos professores
toda a vossa paciência
que fez nascer em nós flores.

refrão

sexta-feira, junho 23, 2006

Canção de embalar

http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/zecafonso-cancaoDeEmbalar.html

O ano terminou com a Rita a cantar para a turma (outra turma minha). E para mim.
Dona de uma voz que nasce algures entre uma nuvem e o céu, passou a ser tradição ouvi-la nos finais de Período. Canções do Zeca, Amar perdidamente (Florbela e Trovante... há sempre quem chore), pequenas operetas...
Se pudessem ouvi-la sentiriam o arrepio que sentimos ao escutar esta voz de corpo pequenino, mas tão perfeita e forte. A turma sempre suspensa destes temas tão pouco habituais nos seus reportórios de opção.

Hoje surpreendeu-nos com tema novo e com esta Canção de Embalar.

Eu havia pedido que me mimassem na última aula de matemática, me oferecessem poesia, música... me surpreendessem. Assim foi.
Há tanto tempo que ninguém me cantava uma canção de embalar. Confesso que estava precisada.

Obrigada Rita pela esperança reposta no meu caminho...


Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p'ra ti

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor

Perde a estrela d'alva pequenina

Se outra não vier para a render
Dorme qu'inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer


Letra e música: Zeca Afonso
In: "Cantares de andarilho"

quinta-feira, junho 22, 2006

A última vez...

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Foi a última aula de Matemática com eles... Com a minha Direcção de Turma, que tantas vezes esteve presente nesta teia.
Exigente como sou, nem acreditaram: podem escolher o que vamos fazer.

Jogos, brincar... eles ainda gostam tanto de brincar...
(E hoje deixei-os sair mais cedo. Oh professora, nem um minuto? Um minuto pode ser. E foi.)

Eu não queria que a melancolia se instalasse. Para o ano estamos todos cá outra vez. Devo ir para o Centro de Recursos, quem quiser pode alinhar nos projectos que estou a pensar desenvolver... e se fizessemos um clube de poesia (já viram invadirmos uma ou outra aula para ler um poema breve? Olhos brilhando com a ideia...). E se vocês fossem monitores dos pequeninos que terei para o ano quando decidirmos fazer um blog das turmas? Que fofo! Assim como se fossemos padrinhos? Pois... já estarão no 7º... eles iam gostar de ter uns amigos mais crescidos na escola.

Eu ri com eles, ainda ralhei por causa do barulho em excesso. Professora, estamos entusiasmados com o jogo. Sempre resposta pronta.
Mas agora aqui, dividida entre um cansaço profundo - o desejo de me concentrar nas inúmeras tarefas, já sem alunos por perto, e a imagem de um futuro sem vocês na minha aula, confesso uma saudade enorme. Muito muito enorme.

Foi sempre assim. Será sempre assim. Não sei tirar do peito este amor, nem a tristeza que o enche na hora da separação. Não sei. Achava que já sabia... mas se me pudessem ver agora percebiam que estou longe, muito longe de aprender...

Passam todos, os meus meninos. Estão grandes. Alguns mais altos que eu.
Lancei hoje as notas. Fiquei feliz.
Não vou perder-vos, eu sei. Hei-de encontrar-vos por aí, pela vida...

(Mas que querem? Este coração mole que é o meu...)

quarta-feira, junho 21, 2006

O Chilli

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Pois... parar dizia eu.
Fui tratar das minhas chinchilas e... e.... dei com esta coisinha pequenina que nasceu de manhã...
Um menino. O Chilli.

O milagre da vida apanha-me sempre de surpresa.
(Deixei de ser íbis, pousei o pé que não estava pousado e fui orientar-lhes a vida. Durante 15 dias acaba-se a liberdade para evitar riscos... e algum trabalho doce se acrescenta à rotina dos dias...)

Sê bem vindo!

Parar um pouco...

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Fernando Pessoa salvou-me.
Esta semana avança a um ritmo alucinante, dias inteiros na escola. Pouco tempo para respirar.

Cheguei a casa e pedi ajuda.
Só podia ser um poema... que encontrei no "Primeiro Livro de Poesia" (Ed Caminho)

Farei como a Íbis hoje. Ave sossegada.

A íbis, a ave do Egipto
Pousa sempre sobre um só pé
O que é esquisito:
é uma ave sossegada
Porque assim não anda nem nada.

(E como sorrio de cada vez que me lembro deste poema... a poesia leva de mim o peso e põe-me asas nas costas... Boa noite... Eu vou com o vento!)



terça-feira, junho 20, 2006

Alegrias...

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Gesto de filha fã: deixo-vos o som de palavras escritas pelo meu Pai (programa da RDP-Antena 1... "A história devida"... os ouvintes enviam textos seus, os melhores são seleccionados e lidos...)

http://195.245.179.232/mp3/wavrss/at1/116413-0606191921.mp3


A festa dos meus meninos ontem... Flores lindas, todos eles.
(A palavra saudade vai escrever-se com sal...)

Dia de hoje: encontro de formação pleno de sentidos. Parar para pensar, reflectir um pouco... Que caminho de auto-avaliação quer a nossa escola fazer? Tornar a escola aprendente é possível? Quem nos pode ajudar? A ideia de um Amigo Crítico no horizonte... http://www.nsdc.org/library/publications/results/res3-04hirs.cfm

(Numa época de correria desenfreada, um dia Perfeito.)

segunda-feira, junho 19, 2006

Um dia longo e bom

Tão longo e tão bom que terei de usar poucas palavras...

Festival de poesia: manhã mágica.
O melhor momento? Enquanto terminava a leitura do seu poema, o telemóvel da menina (que acabou por ganhar o 1º lugar no 2º ciclo) começou a tocar na bolsinha que trazia a tiracolo. Distracção? Não. A sua irmã acabava de nascer nesse preciso momento. Saíu a correr... nunca mais ninguém a viu. Guardámos-lhe o prémio... a coisa menos importante do dia. Um poema que nunca mais esquecerá. Uma história que um dia contará à sua mana.

Tarde de aulas e a preparar a festa da minha DT.
Festa: mais magia. Muita comoção. Pais e alunos felizes. Eu com eles.
A despedida não será fácil.
Não será.

A Escola é uma eterna viagem. Chegadas e partidas.

É preciso ter coração forte e sempre aberto para quem vier.

domingo, junho 18, 2006

Final feliz

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Os meus dois gatinhos pêtos seguiram hoje viagem com a Ana e o Jorge rumo a uma casinha doce e cheia de mimo. A mensagem passou e foi este meio que nos permitiu concluir a missão Pantera com sucesso. Os seis meninos estão todos entregues, dois meses e alguns dias depois de terem nascido, a 7 de Abril! O Domingo acabou da melhor maneira possível! Eu sinto-me mais leve. Sensação de dever cumprido.

Obrigada a todos pela ajuda!

Domingo aconteceu

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Continuo com um desejo grande de poesia... o que se há-de fazer? Eu vou resistindo, resistindo, mas chega o final do dia e tenho de o cumprir até aqui. É Domingo. Posso.

Amanhã terei missão a condizer para saciar este apetite, na escola da Teresa Lopes por entre alunos de todas as idades. Ela contará, quem sabe eu também. São sempre dias de emoção e cada qual sente-a como sente, de forma sempre diferente.

Portanto, não estranhem que volte à poesia hoje...
... amanhã...
... um dia destes...

Poema que Aconteceu

Nenhum desejo neste domingo

nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados

domingo sem fim nem começo.
A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

Carlos Drummond de Andrade
http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/carlos.htm


http://www.releituras.com/drummond_bio.asp

sábado, junho 17, 2006

Porque hoje é sábado

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http://students.fct.unl.pt/users/pcd/vinicius/

Apeteceu-me Vinicius.
Saudades dos meus discos de vinil cheiinhos de sons quentes e riscados.
Talvez porque hoje seja sábado e esteja aqui de volta dos papéis, dos livros e das palavras.
Como sempre. Escola pelo meio deles. Melhor e pior, tudo junto para nos lembrar da vida.
Que é exactamente assim.
Umas palavras sem graça, sem importância.
Outras úteis e necessárias que se cumprem ensinando-nos o novo.
Outras, ainda, cheias de magia e encanto que nos fazem vibrar.
Hoje tenho junto a mim todas essas palavras misturadas.
Estou por aqui a viver, é o que é.
Porque hoje é sábado.

E suspeito.
Suspeito muito,
posto que não sou nem nunca serei mulher de grandes certezas,
que amanhã será Domingo.
(Se cá estiver, vou gostar. É que sobra-me sempre tanto para viver no dia seguinte...)


I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

(...)
http://www.revista.agulha.nom.br/vm3.html

http://www.viniciusdemoraes.com.br/


quinta-feira, junho 15, 2006

As minhas flores do céu



Há dias que ando para vos contar novidades do jardim.
Aproveito o feriado, posto que sou professora, não estou num centro comercial, não fui fazer férias (amanhã estarei na escola) e com tanto para fazer preciso mesmo de estar em casa a trabalhar...
Pois. As generalizações são um erro grave.

Ainda assim roubo um bocadinho de tempo para mim, que, bem vistas as coisas, não é só para mim. Não se esqueçam que também sou professora de Ciências e que a metamorfose e as borboletinhas fazem parte do programa. Toda esta recolha de informação e imagens serve para projectos na sala de aula.


A primeira postura de primavera de papilio machaon começou intensamente há duas, três semanas atrás. É vê-las a colocar alegremente ovos nas arrudas (um destes dias pude observar de muito perto uma fêmea em voo, a contorcer-se junto à planta para fazer a postura de um único ovo. Colocam-nos isolados, espalhados pelas várias plantas.
É claro que os predadores fazem o seu serviço e levam alguns... depois nascem as lagartinhas e, novamente os predadores ceifam mais umas vidas. Estatisticamente pensa-se que apenas 2% dos ovos chegam a ser borboletas... É pouco, mas é o que a luta pela vida permite.


Neste momento já conto várias meninas em diferentes estádios de desenvolvimento (são cinco ao longo da sua vida no estado larvar - mudam de pele cinco vezes e, de cada vez, mudam o seu aspecto). Hoje vi mais umas acabadinhas de nascer. Ainda há ovos por eclodir.
Confesso alguma emoção ao contemplar esta explosão de vida. O projecto começado no ano passado está a dar frutos e, no actual estado de coisas, bem preciso de, por vezes, fazer divergir a atenção dos papéis e parar para cheirar a rosa...



Portanto, tudo caminha para a concretização de mais alguns sonhos de voo.
Brevemente as minhas flores do céu voarão e espalharão beleza, cor, suavidade pelos locais por onde passarem.


Ontem recebi um comentário de um "bloguista" o Ivo, na entrada em que falei pela primeira vez de forma mais exaustiva sobre a criação de papilio machaon. Em troca descobri a sua Serra da Adiça, que recomendo vivamente.

http://serra-da-adica.blogspot.com/
Portugal é local de maravilha, se soubermos olhar, ver, observar.


(Perdoem uma nota final com ligeira amargura: pena haver quem insista em só se referir ao mau, generalizando uma imagem escura e triste da profissão docente. Recomendo vivamente um passeio na natureza para aclarar as ideias. Os gabinetes ministeriais são como as palas dos equídeos - limitam a visão do melhor da vida.)

quarta-feira, junho 14, 2006

Hoje tu: PROFESSOR


Pergunta porquê, porquê, porquê
Resiste e flutua na água que te afoga e mais ninguém vê
Onde tu estás tem de estar o sentido

Força, coragem, sonho prometido
Estás onde sempre estarás
Secretamente oferecendo rumo e alimento
Sede e formas de a saciar
Ouve e acredita: tu és o norte

Resiste... ou morre o colo onde faz falta morar...

terça-feira, junho 13, 2006

Uma manhã doce...

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Manhã doce esta minha.
Um convite pelo telefone, há tempo.
Sou educadora de Infância e os meus meninos e os meninos da escola do 1ºC trabalharam poemas da Teresa. Os pais também ilustraram alguns... Seria possível vir cá e estar um bocadinho com eles? Eles estão entusiasmados com a ideia de a poder conhecer!




Enquanto puder, conseguir, tiver energia e forças, irei sempre.
Não sabia que esta escola estava a trabalhar textos meus e é sempre uma surpresa tão boa ir ao encontro de quem, sem eu saber, já veio primeiro ao meu encontro.
Fui hoje.
E, como sempre, um banho de doçura, risos, sorrisos.
Especial ver crianças da sala do Jardim de Infância a recitar de cor o poema O Bibe e Canção de Embalar... Os meninos do 1º Ciclo a recitar Canção de Embalar e Nas ondas do mar... A fazer entrevista com perguntas saborosas. Na última turma (muito difícil, com problemas que de imediato se evidenciaram, alunos de 2º e 3º anos), propus estratégia diferente. Ali na hora, primeiro provoquei-os para a leitura... e depois começámos a reescrever o poema Nas ondas do mar. Assim se deixaram cativar. Primeiro desafiando-me para ver a reacção: nas ondas do mar podes ser touro e marrar... depois, porque lhes aceitei os desafios e expliquei os não limites da poesia e imaginação (que permitem colocar realmente um touro a marrar nas águas do mar...), a deixar-se partir para outras sensações... podes ser pescador e pescar, podes ser palhaço e brincar, nas ondas do mar podes ser... podes ser... Pedi que me enviassem o poema colectivo que vão escrever. Um deles, que iniciou provocando, estava orgulhoso das frases que foi produzindo ao longo do encontro e perguntava à professora:
esta minha frase pode ir para o poema da turma para enviar à Teresa? E pode ir para o jornal?

Vou aguardar. Um dia partilho.

Especial ver professoras condenadas a um isolamento geográfico num agrupamento com número excessivo de escolas de 1ºC e JI disperso por vasta área, a fazer um trabalho extraordinário com as crianças a seu cargo, num ambiente rural em que a motivação para o saber, os livros, a leitura é reduzida.
Especial ver poemas ilustrados por crianças e pais em conjunto, num processo de partilha pouco comum em contexto social nem sempre fácil.


Especial todo o tempo passado hoje com estas crianças, estas professoras, estas auxiliares que fazem um ninho só aparentemente afastado do mundo.
No final imensos beijinhos, um ramo de flores, um trabalho dos meninos do Jardim de Infância da educadora que me convidou... a Teresa (Teresa também... pois...)


Eu cá senti-me muito bem neste ninho. E, claro, o meu coração mole não resistiu:
prometi voltar para o ano que vem...

O prometido é devido!


O Bibe


Tiro do bolso um tostão,
um papel de rebuçado,
uma flor velhinha e seca,
um segredo amarrotado,
um berlinde e um pauzinho,
um fio azul, um pião.
Nunca o bolso está vazio
quando nele meto a mão!
Quando tiver de crescer,
e o meu bibe se rasgar,
onde vou buscar surpresas,
onde vou buscar um sonho
quando deles precisar?


Nas ondas do mar

Nas ondas do mar, podes ser peixe
e nadar.

Nas ondas do mar, podes ser espuma
e brincar.
Nas ondas do mar, podes ser barco
e partir.
Nas ondas do mar, podes ser gaivota
e voar.
Nas ondas do mar, podes ser só um sonho
a dormir.
Nas ondas do mar, podes ser canção...

Consegues ouvir?

segunda-feira, junho 12, 2006

Jardim redondo

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Tudo pode ser redondo e simples, afinal.

Suave.


É preciso serenidade para enfrentar o que aí vem.
É preciso procurar o redondo e liso por entre os ângulos que nos atraem a visão.
Sem essa paz não haverá força. Sem força não chegamos a lado algum.

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A metáfora do fruto que leva o seu tempo a chegar ao destino

O jardim cheio delas (de metáforas). Doces, apaziguadoras, sinal de futuro mais sumarento.



E sejam as maçãs silvestres, a bravo de esmolfe (este ano apenas uma), as cerejas do Japão, as amoras, as laranjas, as uvas, as romãs... todas me ensinam a paciência que, regada, alimentada, chega lá onde queremos.



Portanto.
Vamos a isso. Com energia, sim. Mas com a noção exacta de que o calor em excesso não produz o doce desejado.

É preciso um sorriso.


É no equilíbrio e na sua inteligência que o fruto se cumpre.

Tal como o futuro.

Sempre foi assim...

domingo, junho 11, 2006

Agora nós...

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Pois é...
O mano PEB já tem uma casinha para ele.
E o senhor que ia ficar connosco nunca mais telefona... por isso, aqui estamos nós agora em busca do mesmo.

Somos brincalhões, meigos, parecemos duas panteras (tal e qual como a mamã). Somos giros, já fizemos dois meses e sabemos ir à casa de banho sozinhos. Não prometemos não fazer uma patifariazinha ou outra... mas a verdade é que somos pequeninos e às vezes dá-nos uma vontade irresistível de brincar... A vida é como é. E é tão divertida...

Será que há por aí alguém que nos queira adoptar? Miau?

(Se temos nome? Ainda não... mas gostávamos muito de ter.)





sexta-feira, junho 09, 2006

Festa do Agrupamento

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Foi até às 23h
A vila em festa com o seu agrupamento. O agrupamento em festa na vila.

É pelos alunos que tudo brilha, que tudo se agiganta, que se buscam as forças esgotadas. É por eles.
Mas com a preocupação inscrita no peito a alegria é menos alegre, a felicidade é menos feliz...

Assim à luz do dia, nem parece.
Mas se continuarmos a descolorir sob o peso da burocracia, um dia não será possível disfarçar. Então as escolas tornar-se-ão realmente locais cinzentos a tempo inteiro para as crianças, a família dormirá cada vez mais descansada e a festa será cada vez menor (a dos alunos, que precisam de outros tempos e de uma família com tempo e a dos professores que precisam de um tempo para a conceber, para a oferecer aos seus alunos). Andarão estes então, em vez de estar a preparar magias com os seus alunos, a recolher fichas, relatórios aqui e acolá para engrossar desmedidamente os seus processos individuais de fichas de avaliação que tão pouco servirão para ditar qualquer destino, pois não haverá espaço para todos terem destino... e festas... bem... festas e magia não constam no processo de avaliação... (Tão pouco o que se aprende com elas e com o trabalho cooperativo entre alunos e professores...)

Pena que alguns não possam acompanhar a preparação de um dia como este para perceber quão incompatível é o que pedem em formato A4 com todo este exercício de dedicação, entusiasmo e entrega. Por conta do que querem fazer crescer, muito do resto poderá morrer...

(A propósito: as bifanas servidas no cantinho da bifana, por mãos de elementos do pessoal auxiliar, um elemento do CE e uma funcionária da secretaria, eram excelentes... Não sei se voltaremos a provar iguaria igual... haverá lá tempo para isso! Rubem, Rubem, socorro! Querem fazer morrer a caixa dos brinquedos da escola! Explica-lhes por que razão as coisas aparentemente inúteis são tão importantes como o resto!)
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Bem devagar...

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Como diz Rubem por outras palavras... continuamos a viver dentro de algumas crianças a quem chamámos nossas um dia...
A imortalidade possível.
(O que nos mantém vivos nas horas em que parecem querer esmagar-nos?)

Agora mesmo, na caixa do correio, isto:

Olá professora!

Há já muito tempo que não lhe mandava noticias (...)!
Pois é..hoje é o meu último dia de aulas do 10º ano, em científica! Para o ano vou mudar de área, vou para artes. Pois é, vou-me separar da parte da turma que ainda resistia unida!Connosco está tudo bom, tirando o cansaço, encontra-se tudo feliz com o final das aulas!=)

É nestes finais de ano que me ponho a recordar os anos passados, e que sinto saudades dos anos que passámos todos juntos, apesar de também gostar bastante do secundário! Foi uma mudança bastante radical, contudo, serviu para aprender muito e tornar-me uma rapariga mais crescidinha!
Espero que esteja tudo bem com a s'tora...

Muitos cumprimentos desta sua aluna
SB

Duvido que certas pessoas alguma vez venham a ter este calor matinal em forma de palavra a pacificar o dia.

Porque para receber, é preciso dar.
Dar, ouviram bem?
Não é só pedir!


Logo à tarde é a festa do Agrupamento numa praça aqui em Azeitão (barraquinhas, tenda com trabalhos, palco e espectáculo garantido por todas as escolas ao longo da tarde). Alguns alunos da minha DT vão actuar e combinámos já aproveitar a tarde de rua para nos sentarmos na relva a ensaiar o que falta para a festa de dia 19. Vai saber-me tão bem estar horas com eles sem o espartilho de horários, paredes e papéis... Trarei aqui fotos da magia do dia.

Isto ninguém me tira, por mais que se esforce.
Já saboreio um sorriso por antecipação!
(Hoje quero viver o dia bem devagar...)



http://www.pbase.com/laurent_laveder/image/34184914

quinta-feira, junho 08, 2006

Porquê?

OK. Maria Teresa, respira fundo. Foi só mais um Conselho Pedagógico... e até nem durou muito muito muito.


Portanto:
acrescentar à lista... PCE, aulas, acabar de preparar festa da DT, preparar disquetes para as reuniões dos CTs, aulas, preparar reunião da minha DT, avaliação extraordinária, reuniões, planos de recuperação, PCE, lançar notas dos profs, faltas, relatórios dos apoios, PCE, relatórios das aulas de substituição, relatório de DT, PCE, relatório de coordenação de DT, organizar processos individuais dos alunos, matrículas, reunião com os pais, secção de avaliação - reformular fichas despacho 50, PCE, livros para ler, reunir para discutir ECD,...perdi-me... sei que há mais... onde está a lista em que escrevi o resto?
Síndrome do pensamento acelerado... felizmente não tomo café... onde estaria?

Ai tenho tantas dúvidas sobre as competências nesta profissão. Tantas... que nem sei por onde começar... Talvez colocando outras dúvidas mais simples que me ocorreram há tempo (num tempo com tempo para colocar dúvidas existenciais no reino da fantasia) . Acho que será mais fácil desvendar os mistérios que se seguem do que o mistério de celulose em que se transformou esta coisa do ser professor. Desculpem voltar ao mesmo. Mas só me ocorre: oh filhos que não tenho! Se vos tivesse já teriam sido encaminhados para a comissão de protecção de menores por falta de assistência da mãe...



Porquê?


Porque é a palavra grande
mais pequena que
pequena
e maior ou menor do tamanho
que tem a palavra igual?

E mais, mais pequena que
menos
dez
, inferior a oito
filho, maior que
pai
bolo
, menor que biscoito?

Porque é que a palavra enorme
tem tamanho pequenino
e pequenino é enorme
homem menor que menino
Sol, mais pequena que
Terra
mar
, menor que serra,
céu, tão pequenininha
que se deixa ultrapassar
por uma só libelinha?

Mas para um
amor
assim tão pequeno
encontrei uma razão:
se fosse maior
como poderia
morar nas palavras

sonho e coração?

quarta-feira, junho 07, 2006

Quem me quer?

.
Já tenho dois meses e preciso urgentemente de uma casinha e de um nome. Estou um bocado cansado que a "madrinha" se refira a mim como gatinho preto e branco. Nem parece dela. Não revela criatividade nenhuma. Até podia chamar-me PEB, estão a ver, Preto E Branco... mas não.
Alguém por aí quer ficar comigo? Gostava tanto de ter todas as atenções só para mim...

Insisto. Não é que eu não goste da mamã (Ainda vou lá beber um leitinho de vez em quando)... Mas, enfim, ela é muito controladora e eu acho que estou a precisar de espaço... percebem? Estou a crescer, é o que me parece. Uma casinha... alguém se oferece?


Meninos, não estão já muito grandes para isso?

Passaram dois meses. A Cleo foi hoje para a nova casinha. Dos seis, já só ficam três. Dois deles estão prometidos a um senhor que me telefonou quando eles nasceram. Como não fiquei com o contacto dele... confesso alguma apreensão. Mas aguardo. Quanto ao PEB (pronto, já não te chamei Gatinho Preto e Branco)... se souberem de alguém que o queira adoptar, digam-me. Ele precisa mesmo de arranjar uma casinha. Temos de começar a pensar em tratar a Pantera para que não volte a ter filhos e os seus meninos já não devem estar aqui quando isso acontecer.

Missão (quase) cumprida.

Agradeço imenso que usem os vossos contactos para me ajudar a cumpri-la até ao fim...

terça-feira, junho 06, 2006

Sorriso

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Pronto.
Rendo-me a um sorriso antes do dia começar...

(Não, não sofro da doença bipolar...)
Há sempre boas razões para um sorriso. Uma delas está ao meu colo nesta foto. (Tive de colocar link, pois o blogger está com problemas e não me deixa colocar imagens)


Nem penso no milhão de tarefas ali à minha espera. Opto agora, neste arranque de dia, por colocar as coisas noutra perspectiva...

Nestes últimos tempos a dar aulas em salas com mais de 30º, ontem a obrigar os alunos a concentrar-se para uma última ficha de avaliação no meio de um calor insuportável, acabei por lhes dizer docemente e a sorrir: meus queridos. É bom sentir calor. Calor é muito bom. Só não sente calor quem está morto.
Risota.
Oh stora! Do que se foi lembrar!

Pronto. Há dias em que apenas estar vivo e de boa saúde é uma benção para a alma.

O resto há-de resolver-se. (Pergunto-me, que atrevida sou, se nos gabinetes dos que sabem sempre o que é melhor para nós fará tanto calor assim... ou talvez, como dizia este ano um engenheiro da DREL, a propósito do frio nas salas e de outros absurdos: conforto a mais é mau para a aprendizagem... Não fosse triste, até daria vontade de rir. Por outro lado... Será que é por isso tanto disparate que nos chega?)

Always Look on the Bright Side of Life... já o disse uma vez, hoje repito-o e convenço-me que sim.

A aranha está de volta!
(Mas não posso gritar muito alto, que qualquer dia, por conta daquele artigo do ECD que nos impediria de acumular tarefas remuneradas ou não... proibem-me de escrever nesta teia, ou em outro lado qualquer... E lá teria eu de me transformar numa aranha anónima e clandestina...).

segunda-feira, junho 05, 2006

Saudade

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Acordei com um vago sentimento de saudade...

De ser professora...

De um tempo com tempo para demorar os minutos...

De um tempo de absoluto prazer oferecendo o melhor aos alunos (gastando todo o tempo do mundo), sem a cabeça cheia de apreensões e revoltas por dentro...

Um tempo cheio de crianças em volta... (cada vez agora mais substituídas por papéis)


A minha irmã Lena (Educadora de Infância) deve ter pressentido...
Sabendo-me também a recuperar de pé (sempre de pé, sem tempo para faltar) de uma crise que mereceu a atenção de antibiótico, resolveu fazer-me uma surpresa...

Acabei de atender o telefone (ela trabalha lá para as bandas do Oeste) e de ouvir os 25 meninos de que cuida a cantar para mim duas canções que compus há tempo (no tempo em que tinha tempo para oferecer mais magias, do que só as esperadas, aos meus meninos). Os "Números" e o "Sol".

Comovi-me, claro. Mas o que é que querem? É a saudade do futuro que receio não voltar a ver.

Preciso de criar para me manter do lado iluminado da vida e assim reflectir e derramar o sol para cima de quem esteja disposto a não se resguardar na sombra da tristeza. A luta para o conseguir por entre a aridez da burocracia escolar e a sensação de que não querem que eu exista, começa a mexer comigo e a tolher-me os movimentos. Eu tento boiar. Eu quero boiar.
Parece que me empurram para baixo de água.

Passarei a escrever, a criar, quando conseguir, na clandestinidade das sobras cansadas dos dias.


O que me traz de novo à saudade.
Apagada pelas vozes de 25 meninos pequeninos do outro lado da linha cantando, pedindo.

Anda cá! Anda cá através do telefone!
Eu vou, eu hei-de ir para o ano, Lena, prometo, meninos, prometo. Mesmo que não me deixem eu vou ter com vocês e hei-de cantar-vos tudo o que souber, sentada no chão do vosso lado. Este ano já não posso. (Mas consegui visitar outros meninos num tempo de vida que seria meu e foi só deles com prazer. Porque a Escola para mim é sem fronteiras como o céu de José Gomes Ferreira. Não há várias escolas. Há uma apenas, num abraço gigantesco que não nos querem deixar dar.)

Procurarei reinventar um tempo novo, perdido por entre o tempo marcado nos relógios, para mais um poema, mais uma canção, mais um gesto de amor. Na esperança de que, tal como disse alguém segredando docemente no meu ouvido, se cumpra a magia do poeta:
quanto mais te dou mais tenho para te dar

domingo, junho 04, 2006

O Romance

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Os mais improváveis, os mais impossíveis, têm um sabor especial.
No dizer de
Rubem, o acto de ensinar também se cumpre melhor neste universo de amor e de desafio.

Tinha saudades de ouvir
Shel Silverstein.
Este Domingo quente pede o sorriso que ele esconde sempre atrás de cada palavra.
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http://www.shelsilverstein.com/pdf/classroom.pdf

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Said the pelican to the elephant,

I think we should marry, I do.

Cause there's no name that rhymes with me,

And no one else rhymes with you.

.

Said the elephant to the pelican,

There's sense to what you've said,

For rhyming's as good a reason as any

For any two to wed.

.

And so the elephant wed the pelican,

And they dined upon lemons and limes,

And now they have a baby pelicant,

And everybody rhymes.

sábado, junho 03, 2006

nemoptera bipennis


Com a ajuda da Tagis, conseguimos identificar o insecto observado pelo Cara-Metade em Almograve (uma colónia numerosa) de que mostrei foto (ver acima) há dias
nesta entrada .
Neuroptera: nemoptera bipennis
A internet fez o resto...
Estamos sempre a aprender!


http://www.hlasek.com/nemoptera_bipennis_6964.html